domingo, 15 de abril de 2012

Uma Vitória Sem Glória para Mim


Sentei-me no sofá vendo a bola rolar.
 Mas a minha vontade era juntar-me ao comboio de imensos pneus, que rolaram duas centenas de quilómetros rumo ao sonho, que só não se tornou em milhares de sorrisos indescritíveis, porque uma chuteira heróica se esqueceu de tapar o caminho da bola. Encontrando um jogador benfiquista há tanto tempo escondido no amparo de um banco, composto por sete jogadores, só eles (os sete) superam infelizmente o orçamento dos valentes Gilistas do momento. 
O Benfica é a minha tendência desde que descobri o futebol como uma paixão!
Aprendi a gostar deste clube. Da sua grandeza, das suas históricas vitórias, numa longevidade que nunca terá idade.
O Gil-Vicente é o clube da terra onde nasci e onde vivo. É o clube onde me filiei como jogador e onde deixei ainda no pelado amarelado, tantos salpicos de suor com gosto a adrenalina futebolística, que eram a minha vida.
Onde rasguei imensas vezes o corpo, em choques violentos com adversários corpulentos, ou em cortes corajosos, para evitar jogadas desconsoladas.
A final é disputada por duas equipas que me dizem muito e como tal, estava curioso por medir as sensações e descobrir qual delas trará mais emoções.
Os primeiros minutos deixaram antever que tudo poderia acontecer.
O Gil estava a corresponder e o Benfica na expectativa de mais cedo ou mais tarde puxar dos galões.
A primeira meia hora é a altura de se fazer um balanço e já todos tiravam ilações quando o Gil num grande galo, do galo. Deixa escapar da capoeira a galinha (bola) que entra na baliza certeira.
Nem festejei nem me manifestei. Sabia que o Gil não era pêra doce e como a procissão ainda ia no adro, os foguetes continuavam guardados.
Os últimos minutos do primeiro tempo deram para ver dois guarda-redes a evitar a festa e o virar do resultado, que se manteve com a fuga da galinha, até ao intervalo. Deixando tudo em aberto, nos corações dos barcelenses.
Os minutos foram passando na segunda metade, com o Gil mais afoito no ataque, para recuperar a galinha desgarrada. E o Benfica mais confiante, dando a sensação que a vitória se concretizava a cada minuto que passava.
Os quinze minutos finais era o tempo que restava. Num jogo que pedia mais emoção e era esperar do Gil o derradeiro canto do galo, porque ainda era cedo para perder a esperança.
O cantar do galo ouviu-se nas bancadas de Coimbra. Estava recuperada a galinha e era a hora, porque estava quase no fim, de sentenciar o Benfica nos penaltis, que também nos levaram até a este frenesim.
Poucos minutos o Galo cantou, porque um argentino já dispensado resolveu se encostar ao lado, (já habituado ao encosto do banco) e tanta sorte teve (porra o homem já tem o futuro traçado), que a bola foi ter com ele e claro, foi só rebentar novamente com o galinheiro, já a escolher as galinhas para os penaltis certeiros.
Fiquei sem emoção!
Foi a primeira vez que não festejei uma vitória do Benfica. E sei porquê!
Porque descobri que o Gil era quem eu mais queria que ganhasse aquela taça, desenhada cá na terra e devia ter como poiso a cidade de Barcelos.
O feito foi conseguido! Afinal somos os vice campeões da liga, carago!
Viva o GiL!


   
   

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