Sentei-me
no sofá vendo a bola rolar.
Mas a minha vontade era juntar-me ao comboio
de imensos pneus, que rolaram duas centenas de quilómetros rumo ao sonho, que
só não se tornou em milhares de sorrisos indescritíveis, porque uma chuteira heróica se esqueceu de tapar o caminho da bola. Encontrando um jogador
benfiquista há tanto tempo escondido no amparo de um banco, composto por sete
jogadores, só eles (os sete) superam infelizmente o orçamento dos valentes
Gilistas do momento.
O Benfica
é a minha tendência desde que descobri o futebol como uma paixão!
Aprendi
a gostar deste clube. Da sua grandeza, das suas históricas vitórias, numa longevidade
que nunca terá idade.
O Gil-Vicente
é o clube da terra onde nasci e onde vivo. É o clube onde me filiei como
jogador e onde deixei ainda no pelado amarelado, tantos salpicos de suor com
gosto a adrenalina futebolística, que eram a minha vida.
Onde
rasguei imensas vezes o corpo, em choques violentos com adversários
corpulentos, ou em cortes corajosos, para evitar jogadas desconsoladas.
A
final é disputada por duas equipas que me dizem muito e como tal, estava
curioso por medir as sensações e descobrir qual delas trará mais emoções.
Os primeiros
minutos deixaram antever que tudo poderia acontecer.
O Gil
estava a corresponder e o Benfica na expectativa de mais cedo ou mais tarde
puxar dos galões.
A primeira
meia hora é a altura de se fazer um balanço e já todos tiravam ilações quando o
Gil num grande galo, do galo. Deixa escapar da capoeira a galinha (bola) que
entra na baliza certeira.
Nem festejei
nem me manifestei. Sabia que o Gil não era pêra doce e como a procissão ainda
ia no adro, os foguetes continuavam guardados.
Os últimos
minutos do primeiro tempo deram para ver dois guarda-redes a evitar a festa e o
virar do resultado, que se manteve com a fuga da galinha, até ao intervalo. Deixando
tudo em aberto, nos corações dos barcelenses.
Os minutos
foram passando na segunda metade, com o Gil mais afoito no ataque, para
recuperar a galinha desgarrada. E o Benfica mais confiante, dando a sensação que
a vitória se concretizava a cada minuto que passava.
Os quinze
minutos finais era o tempo que restava. Num jogo que pedia mais emoção e era
esperar do Gil o derradeiro canto do galo, porque ainda era cedo para perder a
esperança.
O cantar
do galo ouviu-se nas bancadas de Coimbra. Estava recuperada a galinha e era a
hora, porque estava quase no fim, de sentenciar o Benfica nos penaltis, que também
nos levaram até a este frenesim.
Poucos
minutos o Galo cantou, porque um argentino já dispensado resolveu se encostar
ao lado, (já habituado ao encosto do banco) e tanta sorte teve (porra o homem
já tem o futuro traçado), que a bola foi ter com ele e claro, foi só rebentar
novamente com o galinheiro, já a escolher as galinhas para os penaltis
certeiros.
Fiquei
sem emoção!
Foi a
primeira vez que não festejei uma vitória do Benfica. E sei porquê!
Porque
descobri que o Gil era quem eu mais queria que ganhasse aquela taça, desenhada
cá na terra e devia ter como poiso a cidade de Barcelos.
O feito
foi conseguido! Afinal somos os vice campeões da liga, carago!
Viva o
GiL!
Sem comentários:
Enviar um comentário