segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Dar as Mãos



Foram-se as festas e com elas os poucos folguedos de um tempo de vacas magras que engrossam os nossos pastos e voltamos à romaria quotidiana, correndo em busca do nada, sobrando só as migalhas que ainda se amontoam nas prateleiras.
Janeiro vai na segunda semana, com frio e pouco sol e novidades nada.
Alto lá, novidades só negativas, com os aumentos previstos e o abanar das nossas cabeças como resignação e o tem que ser é mais forte, que a nossa chama em vencer.
O nosso Presidente veio, num discurso a soar a: que ainda tenho uma palavra a dizer. Abanar um pouco o buraco onde invernava e num assombro de vitalidade lá se pós em bicos de pés para que todos os portugueses o vissem bem, estivessem onde as rabanadas e os mexidos, ainda fartassem a mesa da consoada.
Estamos gratos presidente, por estar um pouco do nosso lado. Mas sabemos que é deitar terra nos nossos olhos e logo, logo regressará para a invernação, porque não tem físico para aguentar os lobbys, por si criados, num tempo de vacas gordas. Onde só mamaram os seus discípulos e hoje estão tão fartos do leite, que fugiram para terras de sol e mar, arrotando como camelos pelos buracos que Deus lhes deu.
Sem presidente. Sem governantes. Só podemos contar, contar com quem!
Se isto é um deserto de ideias. Um deserto de oportunidades. Um deserto repleto de areia, que assola os cérebros, de quem nos podia deitar a mão.
 Mão!
E se estendêssemos as mãos!
 Não para pedir algo, mas para amarrar a que está mais próxima. E de mão em mão, juntávamos uma enormíssima massa humana a abarrotar de estudantes sedentos de ajudas, que logo ao primeiro que a estendeu. Logo, dezenas deles estavam ligados como elos de correntes inquebráveis, unindo as mãos dos professores descontentes pelos cortes inerentes e funcionários impacientes pelos contratos a prazo ainda pendentes.
Mas a corrente ambicionava mais, muito mais!
 Galgou Concelhos apinhados de desempregados desesperados por trabalho que não existe, são milhares e milhares que deram uma amplitude tal, que se formou um anel do tamanho deste país.
Anel que prendeu como se fossem dedos, todos os idosos. De todos os pontos, mesmo naqueles onde só vivem meia dúzia e levantou os enfermos, fazendo sorrir os sem-abrigo.
Por fim, depois de dar a volta a um país entrelaçado num estender a mão sem fim, cercou os gabinetes e o palácio do presidente.
Exigiu o fim da austeridade e o renunciar do cargo dos que, incompetentes nos asfixiam diariamente.
Ufa, estou a sonhar!
É já segunda-feira. Olho para as minhas mãos e não encontro outras para me ligar.
Sonhar é belo, pode ser que o sonho se torne realidade.
Basta nós querermos, é só darmos as mãos!


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