Era tudo
branco, mais branco não existia.
A natureza
pintou a terra de branco, deixando por breves momentos as peugadas de quem se
aventurava, descobertas, para que não sentíssemos que vivíamos fechados em
quatro paredes.
Durou
vários dias que pareciam uma eternidade.
Nisto
o tempo muda, (só não muda as desgraças desta crise), e aquece de um dia para o
outro.
E acordo
com a chuva a desafiar a neve, num confronto de titãs.
A neve
até então dona e senhora, da superfície terrestre. Vê-se confrontada com os pinguitos
e está-se marimbando para essa amostra de chuva, continuando a espalmar-se
pelos montes e bermas de estrada como barreiras sem arado.
Mas o
tempo malandro, resolveu aquecer mesmo e a meio da manhã, já obrigava a tirar a
samarra, com que eu afastava o bater do dente.
E aquecendo,
foi-se o frio intenso e veio, agora sim a chuva miudinha.
Então
foi um espectáculo! Chuva e neve envolvidas num abraço gigante, para ver quem
sucumbia. E como esta chuva caía, como outrora a neve o fazia. Não demorou
muito tempo até que a neve sucumbisse.
Mas a
neve deu luta. Luta tremenda e a cada pedaço que se transformasse. Outro fazia questão
de lutar até se diluir. E aqueles que ainda duravam, davam formas artísticas ao
chão que eu ia pisar e vislumbrei, o que o meu cérebro me indicou.
Era arte
pura que o chão, metros e metros de degelo me oferecia. Parava por segundos e
admirava a forma antes de se evaporar e ser levada, num fio de água pela calha,
até se esbarrar na terra dura, que constantemente a piso.
E no
fim do dia. já a noite era dona e senhora das horas, que por direito universal
lhe são consagradas. Fiquei com pena da neve!
Ao ir-se
por água abaixo, deixou um rasto de desilusão para os olhos já acostumados com
a brancura até perder de vista. Porque deixou a descoberto o que queimou!
Os campos
estão com um aspecto negro, dá a sensação que uma bomba lá caiu e queimou tudo
o que tinha vida.
E a
chuva vai continuar e a temperatura a aumentar.
Virou-se
tudo do avesso!
Onde
antes existia neve, já vira lamaçal.
Onde
antes se escrevia e construía-se bonecos e frases amorosas. Agora enterra-se as
botas e salpica-se as roupas de terra barrenta.
Vou torcer
para que o sol benze esta zona para matar saudades de um local plantado à beira
mar, com as estrelas a tomar conta de cada lar.
Porque
temperaturas positivas é só um ar de sua graça, já que para o fim de semana, o
frio e a neve voltarão e com toda a força. Que pintarão em meia dúzia de horas,
novamente, tudo de branco.
Sem comentários:
Enviar um comentário