terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Até a Gatita




Cresci com um gato a rondar os aposentos que compunham a casa onde passei a minha infância.
Era acinzentado de olhos verdes e pouco me lembro dele.
Era bem miúdo e de recordações do bichano nada retenho.
Por isso quando regresso a casa deparo com uma gata a viver no apartamento, que me dá as boas vindas, no miar doce roçando a minha perna, tentando descobrir o que venho cá fazer.
Perante a surpresa, corro a casa onde por esta altura ninguém lá se encontra e deparo no cantinho dela.
Uma caixinha para as necessidades e que mais tarde a vejo lá no alívio.
 A respetiva casotinha para dormir e sonhar (os animais também sonham), que também mais tarde descubro que para nada serve a não ser palanque para subir à janela. Visto que prefere dormir no quarto de quem deixa a porta aberta. Ou na sala quando todas as portas se fecham.
As tacinhas onde bebe e come quando se sente obrigada a isso.
E com o passar dos dias afeiçoei-me à gatita, que não parava de deambular por todo o lado onde andasse.
Passava pelo teclado do PC, como se fosse uma passadeira vermelha.
Saltava para a cama e assustava-me ao passar os bigoditos pelo meu rosto.
Cheirava a cerveja enquanto via um filme pela noite dentro, já que férias é descanso, principalmente quando a cama nos faz companhia já a manhã vai alta. E dormitava nos meus pés enrolada no édredon, até que o sono tomava conta de mim e lá tinha que a deixar ali sozinha, rumo á cama e a um sono sem despertadores ruidosos.
Muitos anos depois voltei a partilhar os meus dias com um animal tao perto que me fazia cocegas desperto.
Por isso ao regressar a esta colonia de imigrantes onde todos buscam o mesmo. Senti uma tristeza por ter que deixar a bichana.
E convencido fiquei que ela, vai ter saudades do meu convívio e dos meus miminhos.
A Zara entrou na minha vida. Até quando, até quando!

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