Cresci com um gato a rondar os aposentos que
compunham a casa onde passei a minha infância.
Era acinzentado de olhos verdes e pouco me
lembro dele.
Era bem miúdo e de recordações do bichano
nada retenho.
Por isso quando regresso a casa deparo com
uma gata a viver no apartamento, que me dá as boas vindas, no miar doce roçando
a minha perna, tentando descobrir o que venho cá fazer.
Perante a surpresa, corro a casa onde por
esta altura ninguém lá se encontra e deparo no cantinho dela.
Uma caixinha para as necessidades e que mais
tarde a vejo lá no alívio.
A
respetiva casotinha para dormir e sonhar (os animais também sonham), que também
mais tarde descubro que para nada serve a não ser palanque para subir à janela.
Visto que prefere dormir no quarto de quem deixa a porta aberta. Ou na sala
quando todas as portas se fecham.
As tacinhas onde bebe e come quando se sente
obrigada a isso.
E com o passar dos dias afeiçoei-me à gatita,
que não parava de deambular por todo o lado onde andasse.
Passava pelo teclado do PC, como se fosse uma
passadeira vermelha.
Saltava para a cama e assustava-me ao passar
os bigoditos pelo meu rosto.
Cheirava a cerveja enquanto via um filme pela
noite dentro, já que férias é descanso, principalmente quando a cama nos faz
companhia já a manhã vai alta. E dormitava nos meus pés enrolada no édredon, até
que o sono tomava conta de mim e lá tinha que a deixar ali sozinha, rumo á cama
e a um sono sem despertadores ruidosos.
Muitos anos depois voltei a partilhar os meus
dias com um animal tao perto que me fazia cocegas desperto.
Por isso ao regressar a esta colonia de
imigrantes onde todos buscam o mesmo. Senti uma tristeza por ter que deixar a
bichana.
E convencido fiquei que ela, vai ter saudades
do meu convívio e dos meus miminhos.
A Zara entrou na minha vida. Até quando, até
quando!
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