Corria o mês de Maio, o mês de Maria, o mês
onde a fé extravasa fronteiras e o Lobo Manso procurava o Capuchinho Vermelho.
Ou melhor, não procurava!
Andava á deriva, sem eira nem beira,
encostado às amarras de uma viagem sem tempo de volta, fugindo á revolta
emocional.
E nessas deambulações precoces, entrou porta
a dentro, do Capuchinho.
Como a sua entrada foi pela calada,
utilizando a sua melhor arma, a escrita. Deixou no ar no mínimo a curiosidade
da visita.
Capuchinho acusou o toque e na próxima saída para
apanhar as amoras silvestres, acautelou-se o melhor que soube para não ser surpreendida.
O Lobo Manso insistiu na perseguição, embora
para já, impedido da aproximação.
Mas como tinha todo o tempo do mundo, nada
melhor que deixar correr o tempo!
O tempo jogava a seu favor e como ele
precisava de matar o tempo, procurava o Capuchinho através do espelho mágico!
- Espelho meu, haverá alguém mais manso o que
eu, para conquistar o Capuchinho Vermelho?
- Só o tempo dirá meu caro lobo, só o tempo o
dirá!
E como tempo não faltava. Dava tempo para
aumentar a curiosidade do Capuchinho seguir, as tentativas do lobo em conhecer o
seu sorriso, o seu olhar.
Que era o objetivo central do lobo para
entrar no seu coração!
Sucederam-se a um ritmo quase diário as
conversas via correspondência. Num tu cá, tu lá e cada um exprimia-se á sua
maneira.
O lobo mais expedito e um pouco atrevido. Foi
levando a água ao seu moinho. E cedo chegou á alegria das alegrias, sentindo que
o Capuchinho, estava a seguir o seu caminho, contrariamente ao da história. E procurava
que o tempo passasse para se encontrar com o percurso da história.
Lobo Manso cada vez mais convencido, mas
contido. Olhou o espelho mágico e perguntou pela vigésima vez?
-Espelho meu, espelho meu! Quando será que o coração
do Capuchinho será meu?
- Logo que te encontrares como ela. Logo,
logo. Não tarda!
Agosto mês do sol e do mar!
Das quentes noites de luar. Das cervejas e do
amor!
Capuchinho Vermelho encontrou-se cara a cara
com o Lobo Manso. Que ficou paralisado com tamanho sorriso. Com vislumbrante
olhar.
E no
momento do primeiro beijo, tâo longo como a espera pelo encontro. O Lobo Manso
transformou-se no príncipe encantado alemão.
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