sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O Capuchinho e o Lobo Manso




Corria o mês de Maio, o mês de Maria, o mês onde a fé extravasa fronteiras e o Lobo Manso procurava o Capuchinho Vermelho.
Ou melhor, não procurava!
Andava á deriva, sem eira nem beira, encostado às amarras de uma viagem sem tempo de volta, fugindo á revolta emocional.
E nessas deambulações precoces, entrou porta a dentro, do Capuchinho.
Como a sua entrada foi pela calada, utilizando a sua melhor arma, a escrita. Deixou no ar no mínimo a curiosidade da visita.
Capuchinho acusou o toque e na próxima saída para apanhar as amoras silvestres, acautelou-se o melhor que soube para não ser surpreendida.
O Lobo Manso insistiu na perseguição, embora para já, impedido da aproximação.
Mas como tinha todo o tempo do mundo, nada melhor que deixar correr o tempo!
O tempo jogava a seu favor e como ele precisava de matar o tempo, procurava o Capuchinho através do espelho mágico!
- Espelho meu, haverá alguém mais manso o que eu, para conquistar o Capuchinho Vermelho?
- Só o tempo dirá meu caro lobo, só o tempo o dirá!
E como tempo não faltava. Dava tempo para aumentar a curiosidade do Capuchinho seguir, as tentativas do lobo em conhecer o seu sorriso, o seu olhar.
Que era o objetivo central do lobo para entrar no seu coração!
Sucederam-se a um ritmo quase diário as conversas via correspondência. Num tu cá, tu lá e cada um exprimia-se á sua maneira.
O lobo mais expedito e um pouco atrevido. Foi levando a água ao seu moinho. E cedo chegou á alegria das alegrias, sentindo que o Capuchinho, estava a seguir o seu caminho, contrariamente ao da história. E procurava que o tempo passasse para se encontrar com o percurso da história.
Lobo Manso cada vez mais convencido, mas contido. Olhou o espelho mágico e perguntou pela vigésima vez?
-Espelho meu, espelho meu! Quando será que o coração do Capuchinho será meu?
- Logo que te encontrares como ela. Logo, logo. Não tarda!
Agosto mês do sol e do mar!
Das quentes noites de luar. Das cervejas e do amor!
Capuchinho Vermelho encontrou-se cara a cara com o Lobo Manso. Que ficou paralisado com tamanho sorriso. Com vislumbrante olhar.
 E no momento do primeiro beijo, tâo longo como a espera pelo encontro. O Lobo Manso transformou-se no príncipe encantado alemão.

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