sábado, 26 de novembro de 2016

Fidel Castro





De Cuba, só me enviaram dois charutos, que os guardava religiosamente para a eternidade.
Um dia descansava de uma operação ao joelho maldito, de muitos anos a chutar para o lado que estava virado. Deu-me para os saborear com intensa vontade.
E em pleno Agosto, onde o calor ferve como a intenção do corpo, na varanda para sentir alguma frescura que arrefece o desejo e a dor do joelho. Fumei um e depois outro e senti o aroma de Cuba bem perto da minha porta. Que guardava qualidade de vida pelos anos fora.
Agora foi-se o Fidel Castro e o mundo perde uma das suas referências.
Uma figura de proa!
Uma figura que muitos vão recordar e outros vão, sem conseguir enterrar.
Adorado por alguns e odiado por outros, que se agarraram ao sistema onde enchiam a barriga de prazeres supérfluos à custa do povo.
Fez das tripas coração para ombrear com um embargo, que todos julgavam não durar um ano. E perdura pelos infinitos anos.
Assim, só nos sobra, amarrar-nos na história destas figuras, principalmente pela luta travada em prol da sobrevivência de um histórico ideal.
A nossa desgraça de um vazio eterno, fica a dever-se à incapacidade de jamais surgirem homens com esta capacidade invulgar de liderar um tenaz objectivo. Porque hoje infelizmente já não nascem do ventre de mães. Mas sim, criam-se no rabo de egoístas. Escondidos nas catacumbas para tecer o mundo.

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