terça-feira, 13 de julho de 2010

A amizade conquista-se.............


A amizade conquista-se ao primeiro gesto, ao primeiro olhar e vai solidificando com a convivência, com o conhecimento mais profundo porque se lê a alma de quem é nosso amigo!
Escrevi isto à meia dúzia de dias para ilustrar o que uma amiga por altura do seu aniversário representa para mim.
Uma amiga bem mais velha, sinal de maior experiência de vida, que passou pelos tormentos normais de meninice onde nada havia para matar a fome, porque pouco ou nada se ganhava, em tempos de escravidão, mal pagos e miséria quanto baste.
Assim ela cresceu, assim ela deu valor à vida e casou com quem na altura tinha à mão (ela e milhares delas), talvez fugindo ao rancho de irmãos que o lar suportava e deu os primeiros passos de mulher casada e mãe atarefada.
O tempo passou, a sociedade mudou e ela correu, correu mesmo muito. Em busca do melhor para os filhos.
Deu-lhes tudo ao seu alcance.
Tirou da boca para os saciar e assim abrir o caminho para que tudo tivessem. E logo que o futuro que ainda era longínquo mas com passadas largas batesse à sua porta, eles o pudessem agarrar com unhas e dentes e toca a trabalhar desfolhando-o como uma espiga que já enche os campos por este Minho fora.
Mas não se deixou ficar resignada com o futuro dos pequenos.
Não, longe disso! E olhando-se ao espelho com quem fala nos momentos penosos decidiu; quem sabe por um brilho desse mesmo espelho que duplica as imagens de quatro paredes, ir ela também à luta e agarrar as oportunidades que a vida lhe estava a proporcionar.
E pés ao caminho chovesse ou sentisse os ossos a enregelar, procurou um mundo novo e estudou, estudou.
Cada dia aprendia algo mais!
Do pouco português que aprendeu quando estudou, tempo tão distante que já foi levado pela muita água que passou pelas pontes não muito longe de onde vive. Hoje já o recuperou e melhor, é quase doutora perante o que sabia.
Fala inglês para poder enfrentar os desafios que a idade não põe limites e para visitar quem se instalou em terras de sua majestade, para continuar a caminhar lado a lado com o futuro, que é já ali, mas podem ser milhas e milhas de distância.
Tem vários certificados de aptidão, mas que não são de esperança, porque ela transformou-os em realidade.
Hoje vive como uma princesa. Não de conto de fadas, mas de simplicidade amadurecida e sabendo o que continuamente procura.
Está mais jovem e os anos não param de contar. É aquela amiga em que confiei os meus tesouros. Que caminha no meio da azáfama diária, sempre sozinha porque sabe que os seus botões são a sua companhia.
Resguarda-se de quem só se serve do compadrio e escorraça quem lambe as botas, só para apanhar as migalhas dos que roubam o alimento para encher aqueles estômagos bem arredondados presos pelas correias cintilantes, já sem furos para não os deixar rebentar.
Mas pára, sempre pára, com os amigos. Os amigos do peito hoje tão raros, mas que eu faço parte, para vaidade dela e minha….

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