sábado, 31 de julho de 2010

O Puto é o Maior


A hora chegou de o puto mostrar os seus dotes artísticos.
A audição de oito meses de aulas de música chegava para fazer o balanço da prestação do garoto.
São onze anos tão meigos, tão puros que humedecem o coração da família. E como o dia chegou, as atenções eram todas para ele.
Bem cedo chegamos ao local da festa já com muitos miúdos ansiosos pelo inicio e trazendo pais, avós, irmãos e até os vizinhos mais chegados. Era uma festa para toda a comunidade.
Iniciou-se o desfilar dos sessenta e três alunos e como o meu rapazote era um dos últimos, a paciência dele acabou por esticar como uma corda e o nervosismo tomou conta dele.
Não havia meio de estar quieto e num rebolar na cadeira constantemente fazia com que nós pais e uma só amiga nos puséssemos a tentar sossegar o miúdo.
Finalmente para todos a sua vez chegou!
Pela voz da cicerone, o Duarte subia os quatro degraus que o levaram para os bastidores, para os últimos retoques musicais, antes de o pano subir e enfrentar a plateia pela primeira vez.
O miúdo é fantástico! É muito melhor que o pai, que com a idade dele nem por sombras enfrentava toda aquela gente.
É um prodígio dentro daquela escola e tocou como se tocasse, desde que deixou as fraldas.
Tentamos que quando ele entrasse, não manifestássemos qualquer gesto, qualquer palavra. Mas a amiga que andou com ele ao colo, não aguentou e num salto gritou bem alto o seu nome. E o puto olhando para o local do berro, sorriu e lá se foi sentar colocando-se a postos para a guitarrada a que tinha direito.
Emocionei-me!
Uma lagrimazita estava prestes a rebentar. O filhote tem estilo. Tem pinta para tocar e uma calma de espantar.
Nem imagino como ele viveu a ultima hora (das quase três que durou o espectáculo), estava com uma ansiedade gritante e nós para evitarmos não o massacrar, tivemos que morder os lábios e falar para dentro.
Mas o guitarrista deu conta do recado e até repetiu a canção, para quem sabe: premiar a longa espera e como louvor pela sua dedicação à música nestes meses que duas vezes por semana lá vai com a viola às costas, mais de meio metro acima do seu cabelito pelo passeio fora.
Palmas dos ainda que aguentaram tão longa e cansativa rumaria de apresentações e actuações. Bem merecidas e com direito a aplauso de pé.
O puto é o máximo tem a quem sair apesar, do pai ser só musico de ouvido.
Foi um dia longo mas espectacular para o miúdo, que teve um palco só para si com o professor a acompanha-lo.
Uma dupla que fica para a história. Que lhe vai longe a longe proporcionar reviver momentos, de ainda novo, na idade da chupeta açucarada. Ser capaz, com um à vontade de realçar tocar duas músicas como se de dois chutos na bola se tratasse.

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