A
minha cidade pequena, pequenina. Que cabe numa mão de Deus, deixando a outra
para apontar os dedos aos pecadores e eles são tantos, que se transformam num
oceano sem fim à vista.
É um
círculo de meia dúzia de monumentos com história.
De
uma mão cheia de edifícios que valerá a pena visitar. E de um saco de linho
cheio de pessoas com integridade para focar.
Vangloria-se
de ser a cidade a receber a primeira romaria do ano, as Festas das Cruzes.
Semanalmente
realiza-se nesta concha citadina a maior feira do País, que ocupa meia cidade e
deixa a outra meia, a rebentar pelas costuras em matéria de trânsito.
É o
concelho maior do País no que diz respeito ao número de freguesias (oitenta e
nove), algumas delas nunca lá parei, apesar de viver não muito longe e passar
bem perto das suas entranhas.
Capital
do hóquei em patins, durante uma década e só deixou de o ser, devido ao não saber
perder. Quando as vitórias eram a chama do prazer em vencer.
Tem
o galo como símbolo máximo, de uma cidade que se coroou como a rainha do
artesanato.
Onde
o barro, com as peças que de lá nasciam pelas mãos das artesãs, correram mundo
e idolatraram essas mulheres vindas do meio da lama barrenta e hoje são o
expoente histórico, que enriquece esta cidade, abafada no meio do que afasta o
povo, deixando-a deserta de vida e de movimento.
O
abafo é intransponível e leva as pessoas a fugirem para as praias em quinze
minutos apenas, refrescando-se no Verão. E buscando o sol e a brisa do mar, nos
dias que não dá para andar de corpo ao léu.
Noutra
direcção, a capital do distrito, Braga.
Em
quinze minutos apenas, leva os jovens de encontro às noites de música e dança. Com
calor humano á mistura e muita estupidez junta, deixando a minha cidade
despojada de alegria e vida.
Tem
o Sameiro e o Bom Jesus para levar os devotos fervorosos em peregrinações
constantes de apego à fé e logo nestas horas de vida difícil e de vícios sem
cura para muitos miúdos.
Um
pouco para sul temos a cidade onde Portugal nasceu, Guimarães.
Repleta de shoppings a cheirar a novo e
abundância em pôr a vista a pastar, por entre lojas e lojas, que levam a perder
a cabeça, a quem ainda tem um pé de meia, amealhado em tempos não muito
distantes.
Mais
distante mas nada que esfrie o entusiasmo, surge outra capital, Viana.
Entrada
para o alto Minho, caminho aberto para paisagens e comes e bebes de encher os
olhos e estômagos. A frescura no Verão, por entre o verde deslumbrante e caça
abundante.
Diz
o povo que no meio está a virtude!
Mas nós nesta pequena cidade, que abraça o
Cávado a quinze minutos da foz, acho que o único bem histórico que nos calhou
em sorte. Estamos atados de pés e mãos e não nos despregamos das amarras que
nos encolhem neste marasmo citadino.
Queremos
dar um passo do tamanho da lua para fazer crescer a cidade dentro da própria
cidade.
Construir-lhe
janelas para entrar o céu azul que alegre quem cá vive e quem nos visita. Para
irem e voltarem com o mesmo entusiasmo com que a deixaram.
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