sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A Festa e a Peça de Teatro


O dia chegou, num domingo de Verão com muito calor.
Para o Colégio Menino de Deus, era o grande dia.
Comemorava setenta e cinco anos de existência em Barcelos, onde é uma referência. E por entre diversas actividades que preenchiam esse dia marcante para o colégio. A peça de teatro retratando toda a história da Instituição, era o momento alto da consagração.
E nada melhor que as crianças do colégio, juntamente com os pais para representar em palco os momentos áureos do Menino de Deus.
 O São Bento Menni, local escolhido para o efeito, estava repleto de convidados e nos lugares da frente lá estavam as altas personalidades cá da terra: Presidente da Câmara, Vereador da Cultura, Clérigos, figuras civis e militares importantes etc.
Foram dias seguidos de ensaios e uma grande dedicação da nossa parte.
 Eu fazia de Jesus Cristo e a minha intervenção era o final da peça e somente precisava de abrir os braços, simbolizando a célebre frase de Jesus “deixai vir a mim as criancinhas” por isso de ensaios só foram precisos dois.
O nervosismo era enorme entre todos nós, a hora do início tardava em chegar.
 Os agradecimentos e as homenagens não faltavam no discurso de abertura, pela parte da responsável pela instituição. E nós cada vez mais nervosos e impacientes não víamos o momento chegar.
Finalmente o pano subiu e a peça começou.
Era um vai vem de figurantes nos bastidores, uns abandonavam o palco entre aplausos e já outros entravam para dar continuidade ao  espectáculo. 
O publico estava agradado e nós muito contentes. O tempo passava e eu como só no final entrava, dava apoio e incentivo aos outros pais.
A peça estava a chegar ao fim, faltava a minha entrada.
Finalmente, entrei em palco, ainda com o pano descido, feito Jesus Cristo.
 Como sou loiro cabelo grande (na altura) e tenho barba, era a melhor personagem que se poderia encontrar. E de braços bem abertos esperava o pano subir para encerrar a peça.
Ele subiu, fiquei virado para a plateia cheia de gente, reconheci a minha família e todas as individualidades presentes, cá da terra.
 Todo eu tremia, parecia uma vara verde, dava a sensação de estar em cima de uma enorme mola, pronta a soltar-se e enviar-me para cima das pessoas na plateia.
E as criancinhas não entravam!
Foram segundos infernais, nunca me tinha visto noutra. E continuava a tremer, sentia que ia desfalecer.
Meu Deus, as crianças nunca mais entram. Fá-las entrar senão quem sai sou eu!
 Fiquei assim estático enfrentando toda aquela gente durante dois infinitos minutos (que pareceram horas), respirando fundo sistematicamente.
Por fim entraram as crianças, uma delas era a minha filha e a cena prosseguiu.
 As crianças dançavam e cantavam á minha volta.
 Eu soltei-me rapidamente (a musica e a dança muito contribuiu) e rodando, colocava as mãos nas cabecitas das crianças como Cristo fazia, ao mesmo tempo sorrindo para elas.
 Envergava uma túnica branca com um grande lenço vermelho sobre os ombros.
 Elas vestidas às cores nos seus vestidos de ballet, pareciam flores. Fazendo do palco um jardim em movimento.
Tudo corria bem, as crianças davam tudo por tudo, podíamos estar ali até á exaustão…… e por fim terminou!
Aplausos ensurdecedores da plateia. Alegria imensa de todos os que estavam nos bastidores e a escuridão caiu, porque o pano baixou!
Foi o momento alto do Menino de Deus que nestes já longos anos, que permanece em Barcelos, embala bebés de tenra idade e solta-os para a vida, quando a escola os chama.
Alguns neste momento continuam o seu percurso, já que o Menino de Deus, possuiu instalações para quem desejar iniciar o seu percurso escolar.


           

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