O
Verão é a marca da vida.
Dias
longos, imensas horas para fazer de tudo um pouco.
Calor que se estende horas a fio, a convidar
saídas pela noite dentro.
Praia,
rio, bebidas para afugentar o calor e para adocicar encontros amorosos.
E futebol, como prato forte para que nas
freguesias, imensas no nosso concelho, o povo tenha algo para se entreter e até
mesmo se divertir.
Era
assim quando formávamos a equipa de futebol da empresa. E como nessa altura
eram muitos, os trabalhadores e de várias freguesias. Originava, onde fossemos
jogar, estar lá alguém a ver e no dia seguinte, todos sabiam as peripécias do
jogo e o desempenho de cada um. Sendo o tema de conversa, nessa semana e
surgiam treinadores de todos os lados quando os jogos se perdiam.
O meio
de transporte era a mota, onde uns levavam os que nem transporte tinham e como
o calor apertava, alguns ainda aguentavam e só paravam no campo. Mas outros, os
tais que já nasceram com sede, ou evitam de a ter, não aguentavam e têm que
parar (no meu caso, era o mais novinho e só bebia água).
A
primeira tasca que aparece, ainda é só olhada em andamento. Tapa-se um olho, o
capacete ajuda e só se vê com o outro, para que a tentação não seja muita.
Mas
logo que surge a próxima tasca, não há contemplações. Parar é obrigatório!
É só
um copito, todos dizem, não faz mal nenhum.
Copito
abaixo, toca a arrancar para o jogo.
Só que
numa distância de dez quilómetros, as tascas são como as alminhas, encontram-se
por todo lado.
Bem
passamos por elas e tapamos os olhos, até deixamos de respirar uns segundos, só
para não sentir o cheiro. Mas é demais!
Surge
mais uma e desta vez não existe resistência, lá vai mais um copito.
Quem
bebe um, bebe dois. Pensam todos ao mesmo tempo e de dois, passam a três….
Finalmente
a curva que leva ao campo, com a tabuleta bem á vista de todos, mesmo para
aqueles que já vão a arrotar ao verde, é feita num speed, a deixar pó no ar, já
que a hora marcada já foi ultrapassada.
Juntamo-nos
e enquanto nos equipamos, o treinador tenta sempre dar umas ideias muito
próprias. De forma, a que o jogo corra o melhor possível. Mas a atenção é
sempre quebrada, com a correria para a casa de banho, já que o verde desgastado
afeta a bexiga e á que aliviá-la.
E por
fim vai-se para o campo e seja o que Deus quiser.
Deus
quer e com as malguitas emborcadas, é golos à fartazana!
E tudo
isto aos Domingos, com os campos da bola, cheios de gente, para ver o futebol
popular, que as empresas, cá da terra: Fiação, Tor, Guial, Barcelense
(empregavam famílias inteiras, hoje monstros de cimento abandonados, deixando
enormes manchas de desempregados). Levavam aos sete cantos, do nosso concelho.
O
culpado era o calor. E no Verão, os torneios de futebol terminavam com o parar
da bola. mas quase sempre no final, até metiam grandes sardinhadas e fêveras
assadas. Broa d´aldeia e chouriças caseiras.
Que só
eram sossegadas com o verde tinto, naquelas canecas brancas com listas azuis,
que enchiam as malgas com desenhos das bailarinas dos ranchos folclóricos.
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