O mar, esse monstro de uma grandeza sem
limites.
Profundo, sem deixar ver o seu fundo, mas
imensamente meigo, que nos deixa refrescar, nas suas ondas, ora furando-as com
o nosso corpo deixando-nos ir uns metros até voltarmos a pôr o corpo de fora.
Ora nadando no seu dorso, num sobe e
desce a cada onda que passa, num embalo dorminhoco, onde só a onda lá longe nos
desperta, depois de rebentar e chegar ao nosso pé, já a borbulhar num sabor a
algas salgado.
Sonho enquanto, olho para a sua imensidão e
desde muito pequeno que mantenho com ele uma aposta, de descobrir a sereia que
se esconde nas suas profundezas.
A tarde já vai alta e lá longe o sol brilha tão intensamente que o mar se transforma num enorme espelho e oferece-me
imagens fantásticas, mil delas. Não, milhões delas, que olhando mais
demoradamente, descubro formas, de uma perfeição deslumbrante, que os grandes
pintores lhes deram vida nas telas magníficas, que enchem as galerias.
Rostos,
de uma beleza incrível, jamais vistas à face da terra. Tao perto de mim que
estendo as duas mãos para os agarrar e em forma de concha levo-os à boca,
beijando-os apaixonadamente.
Imagens,
de todas as formas e feitios.
Imensas, sobrepostas umas nas outras. São
demais, encostam-se ao meu peito, fazem-me cócegas, rio-me com a sensação e
tento mergulhar para as separar.
Mas elas continuam, como sanguessugas e
puxam-me ao de leve a pele.
Que sensação
magistral!
Nisto sinto algo a penetrar-me a pele. E deixo
que entre.
São agulhas rabiscando, de cima para baixo, da
direita, para a esquerda. Numa velocidade estonteante, sem dor só com ardor. E
nuns segundos aparece tatuado no meu peito uma imagem tão perfeita.
É uma
sereia, a minha sereia!
Mergulho, uma vez e ela lá está. Mais uma
para ver se não desaparece. E ela lá continua.
A
sereia que sempre que entrava no mar, esperava lá a encontrar. E ela foi-me
oferecida para toda a vida.
Gravada no meu peito, com o rosto ainda sob o
efeito dos meus beijos e um corpo que logo senti que já me pertence, dado o ter tão perto e tão dentro de mim.
Enfim,
um mar, salgado de sensações. Num mar refrescante de emoções!
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