quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Mar e a Tatuagem


O mar, esse monstro de uma grandeza sem limites.
 Profundo, sem deixar ver o seu fundo, mas imensamente meigo, que nos deixa refrescar, nas suas ondas, ora furando-as com o nosso corpo deixando-nos ir uns metros até voltarmos a pôr o corpo de fora.
 Ora nadando no seu dorso, num sobe e desce a cada onda que passa, num embalo dorminhoco, onde só a onda lá longe nos desperta, depois de rebentar e chegar ao nosso pé, já a borbulhar num sabor a algas salgado.
Sonho enquanto, olho para a sua imensidão e desde muito pequeno que mantenho com ele uma aposta, de descobrir a sereia que se esconde nas suas profundezas.
A tarde já vai alta e lá longe o sol brilha tão intensamente que o mar se transforma num enorme espelho e oferece-me imagens fantásticas, mil delas. Não, milhões delas, que olhando mais demoradamente, descubro formas, de uma perfeição deslumbrante, que os grandes pintores lhes deram vida nas telas magníficas, que enchem as galerias.
 Rostos, de uma beleza incrível, jamais vistas à face da terra. Tao perto de mim que estendo as duas mãos para os agarrar e em forma de concha levo-os à boca, beijando-os apaixonadamente.
  Imagens, de todas as formas e feitios.
 Imensas, sobrepostas umas nas outras. São demais, encostam-se ao meu peito, fazem-me cócegas, rio-me com a sensação e tento mergulhar para as separar.
Mas elas continuam, como sanguessugas e puxam-me ao de leve a pele.
 Que sensação magistral!
Nisto sinto algo a penetrar-me a pele. E deixo que entre.
São agulhas rabiscando, de cima para baixo, da direita, para a esquerda. Numa velocidade estonteante, sem dor só com ardor. E nuns segundos aparece tatuado no meu peito uma imagem tão perfeita.
 É uma sereia, a minha sereia!
Mergulho, uma vez e ela lá está. Mais uma para ver se não desaparece. E ela lá continua.
 A sereia que sempre que entrava no mar, esperava lá a encontrar. E ela foi-me oferecida para toda a vida.
Gravada no meu peito, com o rosto ainda sob o efeito dos meus beijos e um corpo que logo senti que já me pertence, dado o ter tão perto e tão dentro de mim.
 Enfim, um mar, salgado de sensações. Num mar refrescante de emoções!
  

 

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