Acabo de
chegar da praia, leve levezinho.
A água
estava fria como é apanágio aqui no norte, mas a vontade em dar um mergulho
supera as tremuras iniciais e depois de um pé para sentir a temperatura da água,
aí meu Deus. Fria porra, fria!
Duas caminhadas
e já levo com as ondinhas com vontade de pôr os corninhos ao sol, a
enregelar-me até aos joelhos.
Grito,
solto grunhidos, quando a água, essa brava guerreira me chega aos calções e
impede que urine (estão admirados, todos urinamos!) já que paralisa por
momentos qualquer fuga de líquidos do meu organismo.
Eu bem
salto para que a água espumosa, depois de ainda longe do ponto onde quero
chegar para mergulhar, rebenta. E ao vir de encontro ao meu corpo é recebida
com um salto, não de um guerreiro que não o sou, mas sim de uma vara verde que
ainda não aguentou o choque gelado desta água que me recebe sempre que vou para
a praia.
Descuido-me
por segundos e lá vem a onda, sorrateira, maliciosa com um sorriso bravio
espatifar-me ao comprido.
Mas num
salto olímpico, reajo como um samurai e de peito feito enfrento-a
galhardamente.
Não me
espatifei, não rebolei até à areia. Aguentei firme como uma rocha e foi o
caminho para a vitória. Ou seja para os mergulhos consecutivos, nas ondas de um
metro acima da minha cabeça.
Eramos
para aí uns vinte na água, todos juntos, parecia que nos aquecíamos. E em centenas estendidos ao sol, para o bronze prioritário.
Olhando de soslaio para estes destemidos banhistas, que desafiaram a gélida
agua e mergulham a cada onda que lhes faz frente.
Quando
já sentia o corpo a tremelicar é que resolvi sair.
Como estava
uma tarde radiosa, sem vento, logo que saí da água, o sol aqueceu-me o corpo.
Agora que
me regalo, esticado no sofá branco, aprecio todo o esforço dos atletas que
treinando arduamente quatro anos para que, nesta hora do tudo ou nada, façam das
tripas coração para a vitoria alcançarem.
É lógico
que nem todos vão saborear tamanho elevador da glória.
Uns por
uma unha negra, não arranharam a subida ao pódio.
Outros,
desgraçados pela infelicidade. Caíram desamparadas na pista olímpica Londrina.
Seguir-se-ão,
aqueles que não partiam para esta viagem olímpica com sonhos cor-de-rosa. Mas alcançaram
o diploma carimbado com os cinco anéis entrelaçados.
E por
ultimo, os últimos que são milhares de olhares desiludidos. A que só resta o
Rio para melhorarem o que de mal correu e tem mais quatro anos para o fazerem.
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