domingo, 5 de agosto de 2012

O Vencer a água gelada e Assistir ás Olimpiadas


Acabo de chegar da praia, leve levezinho.
A água estava fria como é apanágio aqui no norte, mas a vontade em dar um mergulho supera as tremuras iniciais e depois de um pé para sentir a temperatura da água, aí meu Deus. Fria porra, fria!
Duas caminhadas e já levo com as ondinhas com vontade de pôr os corninhos ao sol, a enregelar-me até aos joelhos.
Grito, solto grunhidos, quando a água, essa brava guerreira me chega aos calções e impede que urine (estão admirados, todos urinamos!) já que paralisa por momentos qualquer fuga de líquidos do meu organismo.
Eu bem salto para que a água espumosa, depois de ainda longe do ponto onde quero chegar para mergulhar, rebenta. E ao vir de encontro ao meu corpo é recebida com um salto, não de um guerreiro que não o sou, mas sim de uma vara verde que ainda não aguentou o choque gelado desta água que me recebe sempre que vou para a praia.
Descuido-me por segundos e lá vem a onda, sorrateira, maliciosa com um sorriso bravio espatifar-me ao comprido.
Mas num salto olímpico, reajo como um samurai e de peito feito enfrento-a galhardamente.
Não me espatifei, não rebolei até à areia. Aguentei firme como uma rocha e foi o caminho para a vitória. Ou seja para os mergulhos consecutivos, nas ondas de um metro acima da minha cabeça.
Eramos para aí uns vinte na água, todos juntos, parecia que nos aquecíamos. E em centenas estendidos ao sol, para o bronze prioritário. Olhando de soslaio para estes destemidos banhistas, que desafiaram a gélida agua e mergulham a cada onda que lhes faz frente.
Quando já sentia o corpo a tremelicar é que resolvi sair.
Como estava uma tarde radiosa, sem vento, logo que saí da água, o sol aqueceu-me o corpo.
Agora que me regalo, esticado no sofá branco, aprecio todo o esforço dos atletas que treinando arduamente quatro anos para que, nesta hora do tudo ou nada, façam das tripas coração para a vitoria alcançarem.
É lógico que nem todos vão saborear tamanho elevador da glória.
Uns por uma unha negra, não arranharam a subida ao pódio.
Outros, desgraçados pela infelicidade. Caíram desamparadas na pista olímpica Londrina.
Seguir-se-ão, aqueles que não partiam para esta viagem olímpica com sonhos cor-de-rosa. Mas alcançaram o diploma carimbado com os cinco anéis entrelaçados.
E por ultimo, os últimos que são milhares de olhares desiludidos. A que só resta o Rio para melhorarem o que de mal correu e tem mais quatro anos para o fazerem.




  

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