Aos quinze
anos, assinei o meu primeiro contrato como jogador de futebol juvenil e logo no
grande clube da terra, o Gil Vicente Futebol
Clube.
Foi
uma enorme alegria!
O campo, os balneários eram a minha casa.
Os treinos só começavam às dezanove horas, mas muito
tempo antes, já lá eu estava a assistir aos treinos dos Seniores.
Nesta fase da minha vida o jogar no Gil, era tudo!
Era a minha realização e era também um orgulho,
visto que era o sonho de milhares de jovens do concelho de Barcelos, mas só
duas dúzias podiam fazer parte da equipa e entre eles estava eu!
E o futebol foi uma grande paixão!
E as paixões dificilmente são deixadas para trás,
porque nos invadem tão fundo, vão até ao fundo da alma, que nos embalam para a
vivermos como o próprio nome indica Paixão.
Cada jogo era um acontecimento!
O cheiro
característico do balneário e todo aquele ambiente que me envolvia. Enquanto me
equipava, ouvindo a palestra do treinador, os momentos que antecediam a entrada
em campo. Elevavam-me para um transe que me isolava da assistência, só via a
bola e o adversário.
Onde deixei
ainda no pelado amarelado, tantos salpicos de suor com gosto a adrenalina
futebolística, que eram a minha vida.
Onde rasguei
imensas vezes o corpo, em choques violentos com adversários corpulentos, ou em
cortes corajosos, para evitar jogadas desconsoladas.
Passava as noites, véspera de jogos sem dormir. Ensaiava
jogadas, para que o adversário não pudesse marcar, imaginava golos de várias
formas e feitios, que nos davam grandes vitórias. Nem sempre ganhava como em
tudo na vida, mas o prazer em jogar transbordava.
E revivi
toda esta admirável sensação quando o Gil-Vicente (o nosso Gil), jogava um
feito nunca antes alcançado. O de ir a uma grande final, nestes 88anos de
existência.
A cidade
parou e por todas as saídas, formou-se comboios de imensos pneus, que rolaram
duas centenas de quilómetros rumo ao sonho, que só não se tornou em milhares de
sorrisos indescritíveis, porque uma chuteira heróica se esqueceu de tapar o
caminho da bola.
Mas o cantar
do galo ouviu-se nas bancadas de Coimbra.
Poucos
minutos o Galo cantou é certo, mas deu para sentir a força de uma cidade
pequenina em peso, num estádio revestido de um sonho que não esteve assim tão difícil
de se concretizar.
Todos queríamos
aquela taça!
Desenhada cá na terra e devia ter como poiso a
cidade de Barcelos. Para gáudio dos Barcelenses e de todos os jogadores, que já
sentiram aquela camisola, nestes longos anos de história.
Estivemos
perto, pertíssimo de conseguir e como o Gil-Vicente se sente pequenino, mas a
torcer o pepino. Logo, logo conquistará um troféu para imortalizar a sua
história.
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