terça-feira, 7 de agosto de 2012

Do Plado para o Relvado



Aos quinze anos, assinei o meu primeiro contrato como jogador de futebol juvenil e logo no grande clube da terra, o Gil Vicente Futebol Clube.
 Foi uma enorme alegria!
O campo, os balneários eram a minha casa.
Os treinos só começavam às dezanove horas, mas muito tempo antes, já lá eu estava a assistir aos treinos dos Seniores.
Nesta fase da minha vida o jogar no Gil, era tudo!
Era a minha realização e era também um orgulho, visto que era o sonho de milhares de jovens do concelho de Barcelos, mas só duas dúzias podiam fazer parte da equipa e entre eles estava eu!
E o futebol foi uma grande paixão!
E as paixões dificilmente são deixadas para trás, porque nos invadem tão fundo, vão até ao fundo da alma, que nos embalam para a vivermos como o próprio nome indica Paixão. 
Cada jogo era um acontecimento!
 O cheiro característico do balneário e todo aquele ambiente que me envolvia. Enquanto me equipava, ouvindo a palestra do treinador, os momentos que antecediam a entrada em campo. Elevavam-me para um transe que me isolava da assistência, só via a bola e o adversário.
Onde deixei ainda no pelado amarelado, tantos salpicos de suor com gosto a adrenalina futebolística, que eram a minha vida.
Onde rasguei imensas vezes o corpo, em choques violentos com adversários corpulentos, ou em cortes corajosos, para evitar jogadas desconsoladas.
Passava as noites, véspera de jogos sem dormir. Ensaiava jogadas, para que o adversário não pudesse marcar, imaginava golos de várias formas e feitios, que nos davam grandes vitórias. Nem sempre ganhava como em tudo na vida, mas o prazer em jogar transbordava.
E revivi toda esta admirável sensação quando o Gil-Vicente (o nosso Gil), jogava um feito nunca antes alcançado. O de ir a uma grande final, nestes 88anos de existência.
A cidade parou e por todas as saídas, formou-se comboios de imensos pneus, que rolaram duas centenas de quilómetros rumo ao sonho, que só não se tornou em milhares de sorrisos indescritíveis, porque uma chuteira heróica se esqueceu de tapar o caminho da bola.
Mas o cantar do galo ouviu-se nas bancadas de Coimbra.
Poucos minutos o Galo cantou é certo, mas deu para sentir a força de uma cidade pequenina em peso, num estádio revestido de um sonho que não esteve assim tão difícil de se concretizar.
Todos queríamos aquela taça!
 Desenhada cá na terra e devia ter como poiso a cidade de Barcelos. Para gáudio dos Barcelenses e de todos os jogadores, que já sentiram aquela camisola, nestes longos anos de história.
Estivemos perto, pertíssimo de conseguir e como o Gil-Vicente se sente pequenino, mas a torcer o pepino. Logo, logo conquistará um troféu para imortalizar a sua história.

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