Barcelos
regressou à normalidade.
Foram-se
os imigrantes que enchiam as ruas e avenidas desta cidade pequena, pequenina. Que
durante uns belos dias deste mês, rebentou pelas costuras.
Uns vão,
num vai e vem constante neste querido mês de Agosto.
Lá montaram
a barraca da sua nova vida profissional. E esgravatam horas a fio para ganharem
mais uns euritos, que ao enviarem para cá, ajudam a pagar esta crise que não dá
mostras de se ir juntamente com as malas do regresso.
Outros
tentam a todo custo partir também e aproveitar esta abertura de possibilidades,
de um futuro fora da terra na busca da qualidade de vida, que ameaça fugir a
cada dia que passa. Sempre com o
sentimento que vão-se embora, vão partir, cheios de gana. Para mostrar a este
país, que os seus filhos sempre alcançam, o sustento da esperança.
Vão-se embora,
vão partir logo que a passagem lhe surja nas mãos. Deixando para trás um país
sem esperança. Que abandonou o povo num barco à deriva esperando o naufrágio
mais dia, menos dia.
Vão-se
embora, vão partir, cheios de sonhos. Carregados de malas, a abarrotar de
conquistas, para mostrar a eles próprios. Que o futuro, deixou de ser ao pé da
porta.
Vão-se
embora, vão partir, para a Europa.
Para um país que embala o horizonte.
Trabalhar,
trabalhar é o seu lema, assim se espera. Por isso o futuro é uma certeza.
Vão-se
embora, vão partir pelo céu iluminado. Pousando os pés no chão, como falcões
empinados.
Numa língua
ainda incerta, mas de braços e mente aberta.
Vão-se
embora, mas logo voltam. O Natal está á porta num abrir e fechar de olhos.
Para
abraçar, as saudades infinitas.
No início a ausência será um castigo. No
final, um esforço para todos, merecido.
E Barcelos
vai continuar a esperar que os seus filhos, longe da terra, voltem a encher as
suas entranhas e ajudem a dar um pouco de alegria, ao comércio local tao
esmirrado pela crise.
Ao mesmo tempo que abraçam os velhos amigos e
familiares queridos, que forçosamente tiveram que se separar, porque a vida é
bem dura de roer.
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