Mas como a caminha tem um sabor tão especial
nestes dias de inverno infernal, nem dei conta do que me esperava.
Pela manhã era muito mais, que um manto
branco. Eram flocos intensos caindo ininterruptamente, que fiquei sem palavras
durante uns momentos.
Saí para a rua, atónito com este espectáculo. As
estradas abriam-se custosas devido a neve que não parava de cair.
Descemos o monte devagar, devagarinho não vá
o diabo tece-las e arrastar-nos de encontro ao baldio.
Cruzamo-nos com automóveis parados. Automóveis
rebocados. Automóveis capotados.
Por fim chegamos ao local da dureza e todos
pensamos, que dar meia volta seria uma certeza.
Qual quê, toca a marchar e enfrentar tamanha
calamidade.
Só de Portugueses!
Foram horas sem fim arrastando os pés para não
cair.
Foram braços estendidos para arremessar a
neve para bem longe, dando espaço para trabalhar. Mas poucos minutos depois,
tudo estava escondido e tudo voltava a ser sacudido.
As botas enterravam-se na fufura branca e
davam-me um andar de esquimó da Antárctida.
Trabalhava com um colega a fazer o que mais
gosto e como tal, sentia prazer na dureza manifestada.
A tarde entrou, mas não amainou a chuva
branca caída do céu, tão enevoado.
E eu batalhava contra o aglomerado de terra branca,
que impedia o meu trabalho.
As minhas vestes são pretas, mas o branco
misturava-se caprichosamente, que me dava um ar de garçon.
Sentia a insatisfação dos colegas, sentia o
seu desagrado em trabalhar em tais condições.
Não havia condições todos o sabíamos. Mas quem
manda pode e lá prosseguimos tamanha empreitada.
Por fim, o dia chegou ao fim!
Estava cansado, encharcado. Só queria um
banho quente e um chocolate MilKa.
Afastamo-nos lentamente. Tudo tão branco,
tudo tão belo!
Mesmo na dureza, sinto a beleza da Natureza!
E gravei estas palavras na imensidão do manto
branco que cobre toda a Alemanha:
Amo a liberdade.
Por isso as coisas que amo, deixo-as livres.
Se voltarem é porque as conquistei.
Se não voltarem é porque nunca as tive!
2 comentários:
Excelente filosofia.
Um bom fds. Com ou sem brancura.
Sem filosofia não irei a lado nenhum e o fim de semana espera-me uma brancura estonteante, que me vou entreter a fazer bonecos de neve.
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