domingo, 2 de junho de 2013

A Almofada e o Ursinho




A almofada cordão umbilical de longas horas. Dona e senhora de imensos desabafos, conselheira em questões amorosas, amparo em choradeiras infindáveis. Viu-se de um momento para o outro, com um concorrente de peso, que ameaçava quebrar os até agora impossíveis laços de enorme empatia: O ursinho chegou!
Depois de uma longa hibernação, enrolado em si mesmo. Fazendo das fraquezas forças para suportar, tamanha hecatombe que a Natureza á milhões de anos força, numa renovação deveras necessária.  
Rugiu tao alto, bem para lá das montanhas, como dizendo: Mulher voltei!
De nada adiantou. Em vez de uma almofada, utilizar duas. Só piorava a coluna.
Era a única hipótese da almofada continuar com a supremacia no leito, procurando uma irmã gémea. Porque o ursinho, entre as duas que carinho, que conforto e ama as duas!
Á valente logo duas!
Mas o ursinho, não é as almofadas que deseja. As almofadas só lhe aumentam a ânsia, de poder chegar a ti!
Tem todo o tempo do mundo apesar da ansiedade em encostar-se a ti.
E com todo o cuidado para que o teu sono, não oscile. Transforma-se num anjo da guarda, só enquanto dormes!
Todos nós precisamos. Ninguém sabe o que se passará naquelas longas horas em que estamos entregues a nós próprios.
Eleva-se um pedacinho, para que o teu sono suave, nem pelo mais pequeno insecto, que a vista humana não distingue, seja perturbado.
Os teus olhos estão cerrados. Mas ele sabe que o teu olhar é muito mais que mil palavras. Os teus olhos respiram vida!
 E como os tem tão perto para os ler, dá-lhe milhentos beijos!
Claro, são beijos que não sentes. Continuas num sono profundo, de onde brota um aroma a tulipas amarelas, que envolvem o quarto num cenário, que só os anjos podem descrever.
Mas o anjo da guarda quer baixar á terra. Quer sentir o teu amor!
Adquire de novo a pele com que nasceu e ainda no meio das duas almofadas já resignadas e consoladas, arrasta-se silenciosamente para o teu corpo, devagar, devagarinho, elevando-se uns nenamilimetros e sem tu o sentires, está tão colado a ti, que dois corpos se parecem fundir num só!
Puro momento de magia!
Acordas, num despertar pausado. Por momentos pensas que sonhas.
Por momentos pensas que não pode ser verdade.
Mas ele ali está. O ursinho a rebentar pelas costuras, em desejos á tantos dias comprimidos.
Apertas-lhe o pescoço, pelo atrevimento. Mas as tuas mãos abrem-se aos poucos para, em forma de barreira apontar para ele não abusar.
Só tem direito em te proporcionar a guarda do teu tão necessário sono.
Por fim, concedes o que também desejas e juntos unem-se num mar de emoções, que termina no continuar do sono, que é um consolo.

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