Nascias bem gorduchinha, dum corpo que me
transcendia.
Com uma cabeleira de espantar, onde o negro
trazia a noite tantas vezes, cenário do amor agarrar.
Logo que te segurei, como quem abraça um
anjo. Senti a fantástica sensação de ser novamente pai!
Eras a menina prometida, num jardim ainda com
canteiros para florir.
Choravas, porque querias gatinhar, já com
ganas de a rua alcançares.
Choravas, porque querias andar e enervavas-te
ao caíres, depois de dois queridos passitos.
Choravas nas correrias, para apanhares os
desafios que a infância te oferecia.
Eras feliz, ao enfrentares a escola!
A tua sagacidade desafiava os conhecimentos
de quem te ensinava.
Eras feliz, ao estares tão perto de nós!
Sentias-te
tão protegida, que brincavas com as partidas que o destino muitas das vezes nos
brinda.
E crescias como a beleza da Natureza.
Ainda andavas na idade da chupeta e já não
necessitavas dos bicos de pés, para me puxares repetidas vezes as orelhas.
Sorrias das minhas piadas sobre os namoricos.
Mas encostavas-te ao meu ombro, para a boleia com destino ao prometido.
E num abrir e fechar de olhos fizeste-te
mulher!
Mulher que reivindica o seu espaço, numa
sociedade a desafiar os mais capazes, a agarrar as escassas oportunidades.
Mulher que quer ser feliz, com o homem que
lhe diz: o amor é para toda a vida! Ciente que o que hoje é verdade, amanhã
pode ser mentira.
Mulher que protege os amigos e não perde de
vista os irmãos, cada um com o seu quê de feitio.
Mulher que és minha filha, bem longe da tua
presença, mas tão perto da tua beleza.
Parabéns filhota!
Dezoito anos é a emancipação de verdade!
Mas continuas
obrigada a seres a Ana Barbara, como durante estes anos que envaideceste quem
contigo partilhou, orgulhosamente todos os momentos.
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