sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Barragem é a Salvação



Hoje lá fui para mais um dia e ia com esta gente na cabeça, tentando chegar perto deles para os confortar pela angústia que desde o início da semana partilham.
Choveu dias e dias. Tanto cá, como nos países fronteiriços.
Enquanto as barragens aguentaram as enxurradas, nada se passava. A rotina era o espelho de milhões de alemães. Com chuva ou sem ela, nada podia alterar as suas vidas, num povo metódico, culturalmente evoluído e aceitando da melhor forma os imigrantes.
Até que o alarme surgiu!
Os países limítrofes, de tanta água a entrar pelas suas portas, já com metade da sua terra alagada. Não tem outra solução do que abrir as barragens, antes que tudo se vá e a catástrofe, atingir proporções inimagináveis.
Então este povo caiu em si. E num levar as mãos á cabeça, logo que as notícias chegaram. Levaram-nas para as soluções imperiosas, para que a água quando cá chegasse, fosse travada ainda a sair da fronteira.
Mas era água e mais água!
Os rios transbordaram metros e metros bem fora do seu leito.
A protecção civil fechava estradas. Evacuava milhares de pessoas (só nesta pequena cidade foram dez mil).
A polícia andava de porta em porta para as pessoas abandonarem as suas casas.
Fecharam-se stands, grandes superfícies comerciais. Tudo o que rodeava o rio, foi pura e simplesmente fechado.
As pessoas não foram para os seus trabalhos e as estradas praticamente eram passadeiras, olhando aos dias normais, que tinham um movimento incrível.
A Republica Checa não muito longe daqui. Está a rebentar por todo o lado de tanta água e zás, abre todas as barragens.
A primeira em solo alemão, ainda retém até ao máximo.  
Mas são só umas horas. A água corre num rugido louco, levando tudo à frente.
São quinze quilómetros que separam o centro desta cidade, da última barragem que pode aguentar tamanho inferno molhado.
Nada a pode parar nem a enorme mão de Deus!
Improvisam-se diques com milhares de sacos de areia.
E esperam-se notícias numa apreensão que não leva a vizinhança à cama há vários dias.
A barragem está totalmente de comportas escancaradas e mesmo assim a água passa o seu cimo.
É o desespero!
E se a barragem rebenta!
As cidades vizinhas antes da barragem, já estão como um espelho agora que o sol brilha.
A situação é aflitiva que até a Chanceler Merkel, esteve cá a analisar a situação.
E se a barragem rebenta! É a frase milhentas vezes repetida.
É o fim, para muita gente que vive perto do rio e fundamentalmente quem, e são milhares vivem em redor do lago que é o ex-libris desta cidade.
Já passou um dia, suspiram todos.
Já se foram dois, aliviaram-se um pouco.
Já lá vão três, Deus está connosco.
Nisto, uns metros da barragem cedeu. O betão não aguentou e foi com a água.
Pânico geral!
Correria desenfreada para improvisar mais diques.
O povo está em pânico e eu nada posso fazer do que estar no meu cantinho, bem alto e esperar que a água vinda dos confins do inferno.  Se espalhe agora que o sol brilha e ajude a secar os campos para absorver este líquido tão precioso, tão necessário e cada vez mais escasso.  Para bem longe desta gente, que já não descansa à várias luas

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