Hoje lá fui para mais um dia e ia com esta
gente na cabeça, tentando chegar perto deles para os confortar pela angústia
que desde o início da semana partilham.
Choveu dias e dias. Tanto cá, como nos países
fronteiriços.
Enquanto as barragens aguentaram as enxurradas,
nada se passava. A rotina era o espelho de milhões de alemães. Com chuva ou sem
ela, nada podia alterar as suas vidas, num povo metódico, culturalmente evoluído
e aceitando da melhor forma os imigrantes.
Até que o alarme surgiu!
Os países limítrofes, de tanta água a entrar
pelas suas portas, já com metade da sua terra alagada. Não tem outra solução do
que abrir as barragens, antes que tudo se vá e a catástrofe, atingir proporções
inimagináveis.
Então este povo caiu em si. E num levar as mãos
á cabeça, logo que as notícias chegaram. Levaram-nas para as soluções imperiosas,
para que a água quando cá chegasse, fosse travada ainda a sair da fronteira.
Mas era água e mais água!
Os rios transbordaram metros e metros bem
fora do seu leito.
A protecção civil fechava estradas. Evacuava milhares
de pessoas (só nesta pequena cidade foram dez mil).
A polícia andava de porta em porta para as
pessoas abandonarem as suas casas.
Fecharam-se stands, grandes superfícies comerciais.
Tudo o que rodeava o rio, foi pura e simplesmente fechado.
As pessoas não foram para os seus trabalhos e
as estradas praticamente eram passadeiras, olhando aos dias normais, que tinham
um movimento incrível.
A Republica Checa não muito longe daqui. Está
a rebentar por todo o lado de tanta água e zás, abre todas as barragens.
A primeira em solo alemão, ainda retém até ao
máximo.
Mas são só umas horas. A água corre num rugido
louco, levando tudo à frente.
São quinze quilómetros que separam o centro
desta cidade, da última barragem que pode aguentar tamanho inferno molhado.
Nada a pode parar nem a enorme mão de Deus!
Improvisam-se diques com milhares de sacos de
areia.
E esperam-se notícias numa apreensão que não leva
a vizinhança à cama há vários dias.
A barragem está totalmente de comportas
escancaradas e mesmo assim a água passa o seu cimo.
É o desespero!
E se a barragem rebenta!
As cidades vizinhas antes da barragem, já estão
como um espelho agora que o sol brilha.
A situação é aflitiva que até a Chanceler Merkel,
esteve cá a analisar a situação.
E se a barragem rebenta! É a frase milhentas
vezes repetida.
É o fim, para muita gente que vive perto do
rio e fundamentalmente quem, e são milhares vivem em redor do lago que é o ex-libris
desta cidade.
Já passou um dia, suspiram todos.
Já se foram dois, aliviaram-se um pouco.
Já lá vão três, Deus está connosco.
Nisto, uns metros da barragem cedeu. O betão não
aguentou e foi com a água.
Pânico geral!
Correria desenfreada para improvisar mais
diques.
O povo está em pânico e
eu nada posso fazer do que estar no meu cantinho, bem alto e esperar que a água
vinda dos confins do inferno. Se espalhe
agora que o sol brilha e ajude a secar os campos para absorver este líquido tão
precioso, tão necessário e cada vez mais escasso. Para bem longe desta gente, que já não descansa
à várias luas
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