As estradas nos primeiros quilómetros eram
conhecidas. E ainda por cima coloridas e garridas com toda a propaganda
autárquica, bem apalermada na minha frente.
Nisto surgiram as rotundas!
Uma,
duas…. Em vinte quilómetros dezenas delas. É infelizmente o cartão-de-visita
deste país. Por onde ande, as rotundas são como as moscas!
Nem reparei se me perdi, só sei que fui
encontrar o local onde finalmente, encontrei a tua voz.
Ou melhor: primeiro, o teu sorriso!
Ainda longe mas bem visível, que me agarrei ao
poste para disfarçar o encanto.
Colou-se a mim e ali permaneceu uns segundos,
deixando-me ouvir o som que ele fazia.
Nisto passou devagar pelo meu rosto suave, suavemente.
Estremeci e só me aguentei porque me sentei
rapidamente, na primeira cadeira que encontrei.
Agora sentado, ouvi a voz que o vento possui.
Uma voz de embalar, fala pelos cotovelos. Graciosa e
despachada.
Mas fala dele!
Contou-me os seus segredos.
Confessou-me com que armas se defende, perante os
entraves que lhe surgem, por onde lhe interessa caminhar.
A dada altura, utilizei as mãos, toques que me fizeram
acelerar o batimento. Para o parar.
Deter a sua turbulência.
Porque não queria ouvir. Queria ser ouvido!
Não adiantava!
Nem com toda a meiguice do meu toque, ele refreou o
entusiasmo de me contar aqueles segredos.
Confesso que nada me diziam. E até certo ponto me
enfastiavam.
Mas aquele sorriso, tudo superava!
Levei o resto da tarde e o princípio da noite, já com
o sol a esconder-se nas altas montanhas, não muito longe da minha vista. Com
uma paz de anjo, a embrulha-lo num abraço tão desejado.
E aí senti, os seus olhos, bem pertinho dos meus, sem
pestanejar.
Minutos intensos de um olhar penetrante, que nem
precisei de falar, já que eles sondavam, o que eu queria dizer.
Partimos cada um com o seu rumo traçado!
O vento com a certeza de voltar.
Seja por sua iniciativa. Seja pelo meu aceno
constante.
Estou certo, por vezes com mau humor.
Mas quem corre por gosto não cansa. E aquele
sorriso saliente de uma beleza despontante, tudo justifica
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