segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Noite dos Namorados




É Domingo!
Sempre Domingo! O final de uma semana e a preparação para o começo de uma outra.
Acordo ainda levitando do jantar de namorados, onde procurei idealizar uma surpresa e ia-me dando mal com a esperteza.
Não reservei qualquer mesa, parti na certeza que um cantinho existia sempre para dois pombos crescidos mas com saudades de reviver tempos passados de uma vida serena e madura.
Procurei o restaurante mais em voga, os donos são conhecidos de uma infância de escola, com brincadeiras à mistura que criou laços de uma ligação normal. Ainda cheirando a novo depois de uma inauguração a preceito com bênção cristã e os discursos da praxe.
Estava repleto de marcações e embrulhado em corações! Com velas a ornamentar e um cenário revestido de intimidade.
Pessoas cheirando a felicidade, sempre era um dia que enche os corações, mas muita celebridade e pompa a exagerar. Como estava sem um cantinho virado para um jardim natural, onde já me sentei nas vezes que já lá fui. Virei costas, depois de mil pedidos de desculpa do gerente bem-falante.
Voltei à rua, procurando outro restaurante já sentindo um vazio no estômago mas sem o encher, já que uma menina trajada a preceito delicadamente me informou que tudo estava lotado as reservas iriam se prolongar pela noite dentro.
Dei mais uma volta pela cidade pesquisando o ambiente dos restaurantes que enchiam o roteiro para turistas e o cenário era similar, lotado. E as pessoas esperando por uma vaga que não existia, criando um misto de tristeza e resignação para quem se preparou para tão carismático dia, cheio de sentimentos e nostalgia.
Já resignado a voltar para casa e jantar uma improvisação preparada na nossa mente enquanto nos desviávamos da cidade rumo a sítio nenhum, sempre com a esperança de algo descobrir no meio de uma noite já bem fechada e pouco movimentada. Dou de caras com um restaurante com bom aspecto e sem pensar duas vezes, estou de frente com empregado simpático (que mais tarde descobri ser o dono), que me arranjou uma mesinha junto à vidraça, com duas velas simples a ornamentar junto ao vidro que reflectiam um brilho cintilante e desenhavam formas artísticas pelo vidro fora que eu a dado passo percorria com o dedo tentando-lhe dar vida e desenhando o que mais queria. Um coração! Outro coração e mais um coração. Dedicando cada um à minha jovem como dando graças por tudo de bom ela me proporcionou!
Foi um momento excitante, que nem mesmo a chegada do empregado quebrava. Tendo inclusive o homenzito ficado por momentos estático sem saber o que fazer com as entradas coladas ás mãos, esperando que nós reparássemos e olhássemos para as iguarias caseiras, preparadas a preceito para um dia que enche a alma de quem ama e o bolso de quem ansiosamente aguarda por ocasiões como esta para tirar a barriga de misérias.
A noite continuou!
Recordamos o nosso começo! O nosso namoro, numa época em que tudo era puro!
Começamos com um beijo que nos fez tremer o corpo todo e que selou um amor eterno. Eterno até hoje, que amadurece com os anos, mas ainda criança com os momentos endiabrados que dificilmente consigo controlar. Faz parte da minha maneira de ser extrovertido e romântico.
Recordamos a continuação do nosso namoro, entre ramais de frescura para fugir ao calor do tempo e da excitação. Resguardado daqueles dias de Inverno intenso, onde a chuva que mesmo fugindo dela, abrigados nos beirais dos prédios que nos davam abrigo, entrava no nosso corpo benzendo a pureza do nosso amor, amor esse que secava as roupas e acalmava o prazer bem vincado nos nossos rostos.
A noite chegava ao fim! A comida foi excelente, caseira que era visível no paladar!
Provamos sobremesas especiais, um vinho próprio para a ocasião, sempre guiados pelo dono, atento a qualquer sinal que os nossos lábios lançavam. Sem ser incómodo, mas preocupado com a nossa satisfação.
Regressamos a casa para junto dos nossos filhos felizes e contentes.
Por eles, já que começam a partilhar os seus namoricos e por nós pais, sentindo que tudo está bem quando existe amor no ar.
Dormimos de mão dada depois de minutos e minutos de uma intimidade só conseguida quando dois corpos se ligam e transformam-se num só.
A noite foi longa porque entrou pela manha radiosa por um sol aguardado ansiosamente e saímos de encontro à vida porque era Domingo.
E Domingo é sempre Domingo!