segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Futebol Autêntica Paixão



É Domingo!
Acordei com um semblante um pouco dorido, depois de ontem a meio da tarde participar num convívio futebolístico com os sobrinhos e são muitos, já que a família é bem composta. Dá para juntar duas equipas e guerrearem-se durante quase duas horas, por um triunfo rijamente disputado, em lances individuais que desequilibram a capacidade de uns, perante a falta de jeito de outros. Mas com a entrega total de todos, todos ganham, em mais um momento de estarmos juntos e partilharmos de emoções positivas.
No final um banho que transforma o banheiro num pantanal de roupa e agua por todo lado, da vivenda do cunhado, que oferece a jantarada e a vinhaça comprada num compadre bem no coração do Douro, que nos alegra num convívio salutar e feliz.
Como dizia, o forte toque que levei num pé condicionava o meu andar e deixava-me uma sensação desagradável, mas como sempre adorei jogar futebol, uma grande paixão que nasceu desde miudito. Recordou-me momentos únicos de uma vivência que ainda hoje é comungada.
Cada jogo era um acontecimento! Em muitas ocasiões percorria vários quilómetros a pé só para ir jogar!
Jogava ao Sábado ao Domingo! E treinava à Semana. Não interessava se chovesse, se tivesse imenso calor, ou se nevasse.
Jogava filiado (contra os grandes do Norte), jogava pela equipa da empresa, jogava pela equipa de bairro cá da zona onde morava. A minha entrega a esta paixão não distinguia clube de bairro, ou filiado a disputar os Nacionais da 1ª Divisão (juniores).
Joguei contra grandes jogadores, que hoje são treinadores.
O cheiro característico do balneário e todo aquele ambiente que me envolvia antes do começo dos jogos como: O vestir os equipamentos, a palestra do treinador, os momentos que antecediam a entrada em campo. Elevavam-me para um transe que me isolava da assistência, só via a bola e o adversário.
Passava as noites, véspera de jogos sem dormir!
 Ensaiava jogadas para que o adversário não pudesse marcar.
 Imaginava golos de várias formas e feitios, que nos davam grandes vitórias! Nem sempre ganhava como em tudo na vida, mas o prazer em jogar transbordava.
Cada treino, cada jogo, era o descarregar das emoções frenéticas do dia-a-dia.
A entrega a cada lance disputado e a procura de vencer, porque ninguém gosta de perder nem a feijões, funcionava como uma descarga da energia acumulada. E no final com um banho retemperador, sentia-me leve de espírito e fortalecido fisicamente, embora com as mazelas incorporadas das entradas mais duras, daqueles que só através deste meio tentavam conseguir os seus intentos.
Os dirigentes eram os nossos “pais”. Pagavam-nos, embora muito pouco, mas sempre ajudava nas despesas diárias, alugavam os transportes para os jogos, tinham a responsabilidade de nada faltar. Equipamentos para treinos e jogos, reforços vitamínicos para os mais fracos fisicamente e em alguns casos empregos nas empresas deles ou dos amigos.
O treinador era o nosso guia espiritual, improvisava tácticas, delineava a equipa mediante os adversários e perante o estado do tempo. Se chovesse, jogava uma formação composta por jogadores fortes fisicamente. Estando o tempo bom, existia a possibilidade de alguém poder jogar devido à sua habilidade e não ao aspecto físico.
Muitos amigos ganhei nas terras onde joguei e lá voltei. Conheci Trás dos Montes. Onde numa ocasião paramos por breves minutos para assistir à matança do porco com a aldeia toda concentrada nesse “ritual”, onde o porco mais parecia um touro devido ao seu peso e tamanho.
Jogamos numa terra no fim do mundo, onde ganhamos e não descemos. Já o mesmo não aconteceu ao adversário que despejou a raiva em nós. Levando a que nos refugiássemos no balneário, autentica trincheira e só de lá saímos escoltados por quatro GNR`s, que abriram o caminho e acompanharam-nos até à saída dessa terra, terminando um momento difícil mas que hoje recordo com um certo prazer.
A fama local trouxe as miúdas, sempre eufóricas no apoio aos jogos. Que todos nós queríamos e "pagavam" o nosso esforço por jogar no clube da terra delas. Houve namoricos para os mais espevitados, mas sempre curtos e não muito sérios. A distância era o impeditivo, porque os meios não existiam.

1 comentário:

OnlyMe disse...

Se eu estivesse lá, nesses tempos de juventude, também era tua fã. Devias ser um puto giro e se jogavas bem... uiui lool

Jinhos :)