quarta-feira, 4 de agosto de 2010
A Realidade De Momentos
Tu chegaste e eu senti-te.
Preparaste-te para o momento e ele chegou, como tem chegado muitos. Mas este foi diferente, trazia a adrenalina pendente, mas tão fervilhante que ameaçava jorrar a qualquer momento.
Seguistes a minha opinião e entraste por momentos na reflexão do que nos trazia este dia.
Começou por nos oferecer um local ideal para deitar cá para fora os nós que tinham que ser desatados e por dentadas de entradas gostosas, partilhamos os primeiros momentos de abertura para o que cá nos trazia.
Então o toque foi dado e iniciou-se o partilhar deste momento que vai ficar retido no nosso pensamento enquanto os nossos rostos permanecerem iluminados no caminho cruzado.
As entradas aguçaram o apetite e trocamos o que mais gostávamos.
Tu foste presenteada com as duas fatias de queijo que desde pequena é a tua perdição. Eu deliciei-me com o melão, que escorregava lentamente pela minha garganta fazendo cócegas a cada encosto.
Fiquei com a fatia do presunto maior, como presente por te ter levado a este cantinho, onde o comboio passa bem pertinho.
Trocamos os rabos deliciosos do polvo como pulseiras indígenas, onde eu desta vez servia-te com prazer, tomando o teu lugar das vezes anteriores mas sem a beleza e cumplicidade tão perto como este momento penetrante.
Servi-te os legumes que acompanhavam as duas boas pernas do molusco, que tu adoras e tentei desenhar-te um círculo com as azeitonas no teu prato para que guardasses aí os segredos que escondes, porque são teus e só a ti pertencem.
Reparti as batatinhas assadas do tamanho de bolas matraquilhadas e ainda me lembro que foram meia dúzia para cada um, que entrava na nossa boca, como um bombom gostoso salientando a beleza dos teus lábios e o prazer do momento.
Pelo meio parávamos para salientarmos o que é só nosso e procurando sentir que tudo o que dizíamos era a verdade pura, tão límpida como o céu.
Dizíamos palavras tão vincadas como raios que se soltam do céu e rebentam ao contacto com a terra, mas num clima a raiar a descontracção, que ninguém que partilhava os espaços seguintes se apercebia do que dizíamos.
A sobremesa chegou, embora tarde porque a cada sugestão nós esquecíamos a anterior. Por isso a solução era juntar todas e fomos presenteados com um enfeite criado no momento de deixar água na boca.
E foi a água e a vontade de levar os doces à boca que criou mais um momento para recordar.
Tornei-a a servir. Estava tão bem que fiz de cavalheiro até ao fim.
Um pouco de mousse, outro pouco, de pudim. O mesmo de bolo caseiro com o nome de quem criou aquele espaço. Mais um pouquinho de tarte e por fim outro bolo com um nome francês que já me esqueci, porque as sensações foram bastantes para me recordar.
Repartimos o chocolate que acompanha o café num gesto pausado e com um brilho nos olhos. Onde me apeteceu morder-lhe o dedo devido ao desespero divertido de me por de boca aberta durante uns longos segundos.
Fugimos a sete pés, claro pagamos, porque a hora da reentrada era uma dura realidade.
Os olhos disseram aquilo que tinham que forçosamente dizer. As palavras foram sinceras e de uma clareza de louvar, que nos uniram num pacto de sangue saído da nossa espectacular sinceridade.
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