A Estação é o ninho das memórias e o
local das demoras.
Tantos anos de histórias que se
cruzavam com a incerteza da partida e a certeza da chegada.
É a entrada de sonhos em relação ao
futuro dos jovens esperançados em conquistar o patamar da realização.
É a entrada de quem normalmente vem a
correr para apanhar o comboio, com destino ao seu trabalho, seja logo na
primeira cidade em que pare. Seja no fim do seu percurso bem pertinho do coração
do Porto.
É a entrada para quem vai vistoriar o
seu corpo, normalmente no Porto, para fortificar a saúde, debelando males ruins,
depois de anos de canseiras e asneiras.
É a entrada de possíveis encontros,
que poderão dar juntar os trapinhos, ou no pior dos casos atraiçoar os lençóis,
de um amor que pensavam ser para toda a vida.
É a entrada (agora reduzida), de
soldados que iam dar tropa, quase todos contrariados, mas obrigados de farda horrível
mascarados. A lutar por uma pátria, mas na prática, a servir uma cambada de
oficiais. Que, como não sabiam fazer mais nada, enchiam os bolsos e a pança.
É a entrada de quem mora da outra
banda, que a utilizam vezes sem conta, para mais rápido chegarem às suas casas.
É a saída de quem terminou um longo percurso
depois de anos a fio, a queimar as pestanas, aproveitando os comboios para por
a matéria em dia.
É a saída depois de um longo dia de
trabalho com a viagem em comboios, com cheirinho a estrume de vaca. Parando em
todos os apeadeiros, para no dia seguinte voltar ao mesmo do costume.
É a saída daqueles que regressam do
doutor, esperançados na cura, que sendo deveras especialistas, só se encontram
na grande cidade.
É a saída de quem vem feliz, porque
arranjou a companheira do futuro, para ser a mãe dos seus filhos. Ou com um
sorriso maroto, depois da facadinha no matrimónio. Ou em desilusões, depois de
tantas ilusões.
É a saída dos soldados agora
mascarados de saudades. Correndo velozmente ao encontro das namoradas, depois
de dias seguidos fechados em quarteis com sentinelas para bater a pala aos Coronéis.
É a entrada dos moradores, vindos da
banda de lá, para a cidade visitar, em compras tão necessárias, ou em lazer
banal numa cidade pequenina, que tem a sua Estação como um marco da sua
história.
2 comentários:
Gosto de estações. Detesto aeroportos.
Bom fds
O comboio leva-nos ao destino, com a natureza bem pertinho e com os sonhos pelo caminho!
Bom fds
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