domingo, 3 de março de 2013

As ruas Encheram-se com o Povo



O povo saiu à rua!
A pé onde era tão perto que até dava para carregar cartazes exigindo a saída da troika, com ganas de dar um chutão no rabo, daqueles reis magos troikianos que nos vêm oferecer fel e vinagre.
De mota, mas com a velocidade nada acelerada, senão a policia mesmo à paisana, multava a ansiedade de gritar bem alto, a saída já com tempo a mais, deste governo sem qualidade e que nos está a matar o futuro.
De autocarro, filas e filas intermináveis. Em direcção aos grandes centros, para fazer ouvir a voz de milhares, onde todos são sempre poucos para arrumar de vez, com a peste negra que assola quem gere os destinos deste país. Que em menos de quarenta anos, estão a dar cabo de novecentos anos de história.

E assim foi que o povo saiu à rua!
Lembrando tempos já distantes, mas agora tão recordados que as canções daquela aurora, entoaram a cada passo. A cada esquina cruzada. A cada pessoa que se juntava. A cada cartaz que se levantava.
Alguns fizeram destas manifestações uma festa.
É sempre agradável sair de casa e ir de encontro às multidões, esbaforidas para soltar as suas reivindicações.
Mas a grande maioria saiu à rua de raiva estampada e ciente para o que ia. Depois destes já longos meses de incansáveis restrições, que os miseráveis governantes a coberto do parlamento onde se sentam duzentos e mais alguns, sempre prontos a levantar o braço lembrando os nazis na hora do repatriamento para o holocausto que caminhamos.

E as ruas encheram-se com o povo!
Novos e velhos. Muitos já batidos nestas andanças que sabem como tudo se inicia e como mais tarde, depois de bocas roucas de tanto gritar as palavras de ordem para quem devem enviar. Tudo termina.
E novos nestes ajuntamentos que se provou serem mais de um milhão. Fascinados pelo magote humano que coloriu as avenidas, onde ainda lá estão cravadas nas entranhas das calçadas. Lágrimas dos desesperados pela liberdade então vedada. E o sangue dos inocentes que foram brutalizados pelos cassetetes e balas da polícia fardada.

E o resto do povo que não encheu as ruas!
Muitos como eu estavam longe, trabalhando, para mostrar ao meu país que existe futuro para além das estradas asfaltadas desertas e envergonhadas.
Outros os felizardos do costume, com os bolsos cheios de favores, sem pinta de vergonha naquela cara. Vivem encostados aos que se manifestam, para sugarem o suor ainda visível, daqueles que fazendo das tripas coração. Suportam cada dia que passa, esperando que não seja o ultimo.

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