A pé onde era tão perto que até dava para
carregar cartazes exigindo a saída da troika, com ganas de dar um chutão no
rabo, daqueles reis magos troikianos que nos vêm oferecer fel e vinagre.
De mota, mas com a velocidade nada acelerada,
senão a policia mesmo à paisana, multava a ansiedade de gritar bem alto, a saída
já com tempo a mais, deste governo sem qualidade e que nos está a matar o
futuro.
De autocarro, filas e filas intermináveis. Em direcção aos grandes centros, para fazer ouvir a voz de milhares, onde todos são
sempre poucos para arrumar de vez, com a peste negra que assola quem gere os
destinos deste país. Que em menos de quarenta anos, estão
a dar cabo de novecentos anos de história.
E assim foi que o povo saiu à rua!
Lembrando tempos já distantes, mas agora tão
recordados que as canções daquela aurora, entoaram a cada passo. A cada esquina
cruzada. A cada pessoa que se juntava. A cada cartaz que se levantava.
Alguns fizeram destas manifestações uma
festa.
É sempre agradável sair de casa e ir de
encontro às multidões, esbaforidas para soltar as suas reivindicações.
Mas a grande maioria saiu à rua de raiva
estampada e ciente para o que ia. Depois destes já longos meses de incansáveis restrições,
que os miseráveis governantes a coberto do parlamento onde se sentam duzentos e
mais alguns, sempre prontos a levantar o braço lembrando os nazis na hora do repatriamento
para o holocausto que caminhamos.
E as ruas encheram-se com o povo!
Novos e velhos. Muitos já batidos nestas
andanças que sabem como tudo se inicia e como mais tarde, depois de bocas
roucas de tanto gritar as palavras de ordem para quem devem enviar. Tudo
termina.
E novos nestes ajuntamentos que se provou
serem mais de um milhão. Fascinados pelo magote humano que coloriu as avenidas,
onde ainda lá estão cravadas nas entranhas das calçadas. Lágrimas dos
desesperados pela liberdade então vedada. E o sangue dos inocentes que foram
brutalizados pelos cassetetes e balas da polícia fardada.
E o resto do povo que não encheu as ruas!
Muitos como eu estavam longe, trabalhando,
para mostrar ao meu país que existe futuro para além das estradas asfaltadas desertas
e envergonhadas.
Outros os felizardos do costume, com os bolsos
cheios de favores, sem pinta de vergonha naquela cara. Vivem encostados aos que
se manifestam, para sugarem o suor ainda visível, daqueles que fazendo das
tripas coração. Suportam cada dia que passa, esperando que não seja o ultimo.
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