O sol chegou!
Não uns
minutos. Isso era a morte do artista.
Nem umas horitas. Só dava um pouco de
consolo.
Mas o dia todo. Para aquecer até onde se
esconde a alma.
Que beleza é a Natureza quando me contempla
com este sol primaveril que aquece o coração, martirizado pela distância e
entusiasma a vontade em trabalhar.
É a Primavera antecipada, depois de dois
meses frios, com temperaturas abaixo de zero. Um, dois….seis, sete e por aí
fora. E só por um dia e ainda bem ao Sábado, é que tivemos que parar porque as mãos
já estavam a provocar dor, de tanto frio.
Há valentes homens de Portugal, habituados ao
clima ameno e ao sol que desponta quase todo o ano. E contra ventos e marés
aguentaram firmes a neve e o gelo, dias a fio.
É um prazer levantar mal o dia nasce e de
dois graus negativos que se inicia o trabalho, logo o sol rompe os montes ao
longe e sob devagar, devagarinho e aquece aos pouquinhos, o espaço onde se dá
ao cabedal.
A meio da manhã, já se trabalha sem casaco e
muitos já mostram as tatuagens, num desplante veranesco.
Olho o sol ainda sem força para me cegar já
que a minha pele tem tanta sede dele, que ainda é cedo para me queimar.
E lembro-me do meu país, onde o sol é um
recurso bendito e valha-nos ele, para ainda aquecer um pouco os sorrisos,
porque as tristezas não pagam dividas.
Um, dois, três dias da semana a transbordar
de sol e a abrir sorrisos de quem já está á dois meses longe de tudo e de
todos.
As aves voltarão e num chilrear estridente
banqueteiam-se pela nova geração que não tarda.
São centenas por dia que sobrevoam um pouco
acima das nossas cabeças e num vai e vem constante, num ziguezague
espalhafatoso. Lá vão ao encontro de quem espera e toca a juntar os trapinhos,
num chilrear excitante, bem perto do ninho.
Há sol bendito que dás outra alma a quem não tinha
cor devido ao frio.
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