Podia Começar pela Amizade
Estou
para aqui a pensar no que vou escrever neste momento, onde tenho tantas
coisas que se juntam, pulando nos meus neurónios e nenhuma salta como a
bola do euromilhôes, para iniciar uma dúzia de linhas que ajudam a
ligeiros desabafos.
Podia começar pela política caseira.
Mas de
nada vale, é a treta do costume. Constantemente a bombardear-nos com os
apertos para os mesmos de sempre e assim sendo, o melhor, mas mesmo o
melhor. É desligar as meditações para quem constantemente nos quer levar
a contínuas depressões.
A fava toca sempre ao mexilhão. E o aperto
do cinto que já não tem espaço para mais furos, parecendo degraus de
cima para baixo, de tanto serem apertados nestes poucos anos que foi
anunciado o crach, que ameaça durar uma era. Poderá ser também servido
infelizmente para pendurar quem desistiu em acreditar.
Podia falar de futebol.
Sempre um meio para desviar as atenções desta malfadada crise e como
os nossos clubes continuam a fazer uma gracinha além-fronteiras. Seria
sempre um escape para lançar os apertos constantes que assolam as
cogitações. E ombrear portistas com benfiquistas e sportinguistas com
bracarenses, dá sempre pano para mangas, onde todos tentam fazer o fato à
sua medida.
Podia falar de soluções.
Para combater a procura
de milhares em resolver as suas situações profissionais, onde a oferta é
tão mingua e se resume aos apelos dos amigos e a pagar favores
pendentes, que deixam para os restantes (e que molhada), encontrar a
agulha num palheiro.
Porque não existem soluções para o conter, já
que não nascem investimentos para empregar os que engrossam a lista,
quanto mais para os que despertam para o mercado de trabalho.
Podia falar de paixão.
Onde os jovens tão fora da realidade em que o país se encontra. Se
amarram logo ao primeiro beijo que trocam e nada custa, basta um pequeno
olhar e um canto reservado. E rapidamente assumem uma ligação que eles
juram ser duradoura, onde já supera facilmente os tabus e abrem asas
para tudo experimentarem e num abrir e fechar de olhos tudo desmorona e a
paixão dá lugar ao esgotamento.
Nos mais velhos a paixão também se
vai com os martírios desta vida e lá se arrasam famílias, com ódios
estampados e indiferenças vitalícias. Os longos anos de união já não são
o elo de uma ligação.
Podia falar da violência.
Que se estende
pelo país como tentáculos de polvos gigantes. Agressões violentas que
servem para intimidar a vítima e por meia dúzia de euros, causam-se
dores profundas para toda a vida e em muitos casos a morte como um fim
de bandidos que viraram animais selvagens.
Podia falar de justiça.
Onde, mas onde é que ela está!
Justiça que solta assaltantes violentos que já de antemão sabem que vão ser postos na rua para reincidir.
Que fecha os olhos à corrupção a olhos vistos e dá tempo para que o
tempo, tudo apague e faça esquecer, já que deu tempo para os corruptos
se defenderem. E como diz o povo “quem tem dinheiro, livra-se de tudo!”
Podia falar de miséria de fome.
Meu Deus, são famílias e famílias batendo à porta da solidariedade
para com a mão estendida, pedir o pão que já falta na mesa, antes
preenchida.
Podia falar….
Já chega, não posso falar de mais nada. Por agora basta, estou a perder o apetite.
Amanha, vou tentar falar do que ainda graças a Deus é positivo, porque
apesar de tudo o povo português sempre conseguiu dar a volta por cima e
cantar de galo, mesmo sem capoeira.
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