Deixei Portugal cabisbaixo.
A dor
de deixar quem mais me dá força para viver, derreteu-me a boa disposição que as
férias me ofereceram.
A viagem foi dolorosa. As conversas triviais
irritavam-me. Aliás tudo me irritava!
Para onde eu vou? Se podia estar onde devia
ser o meu lugar.
Perguntava eu vezes sem fim, olhando pela
janela que me distanciava ainda mais do colo do meu lar.
Queria desapertar o nó que me apertava a
garganta e nada podia fazer e, mais grave: sentia-o a comprimir-me devagar,
devagarinho para que o sofrimento fosse ainda mais doloroso do que já me
invadia.
Terríveis sensações dolorosos momentos!
Talvez assim tão acentuados devido aos dias
que passei.
Fantásticos!
Cheios
de alegria, por entre o descanso tão merecido e sem despertadores, que se
tornaram inimigos.
De brincadeiras com os miúdos, vendo-os felizes
e tão puros que me levaram a reviver momentos de infância que me emocionaram fugazmente.
De sorrisos intensos de quem procurou um
abrigo, mesmo com helicópteros por perto. Ou entrelaçado na frescura da Natureza,
gritando para que os dias não passassem, porque corriam. Levados pela corrente
do rio em direcção ao mar que acolheu e refrescou este corpo.
De novidades que eram já certezas mas, não vá
o diabo tecê-las. E assim ajuda ao pé de meia.
E para que não bastasse, hoje regressei ao
trabalho de casaco de inverno, quando daqui saí a torrar com os trinta e tal graus.
E acabou por chover.
Em Portugal, embrenhei-me no mesmo forno e
meu Deus, que país que nós temos!
Onde se pega fogo à floresta como de lareiras
se tratasse.
Onde morrem bombeiros autênticos heróis que dão
a vida por este país. Correndo ao primeiro toque, deixando a família e o seu
sustento. Para desaparecerem no inferno que se distingue a quilómetros de distância
e infelizmente alguns já de lá regressam, nos ombros dos colegas banhados em lágrimas.
Agora pergunto?- porquê que são os aviões a
apagar as labaredas que desenham monstros homicidas, nascidos de mão criminosa.
Que custam milhões e milhões aos portugueses já ressequidos de tanta
austeridade.
Em vez dos militares, resguardados em quartéis
É este país que temos que me envergonha, onde
me encontro e logo que tanto me custou a cá chegar, levo com os alemães a
chamarem-nos de país de terceiro mundo.
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