domingo, 6 de outubro de 2013

Se à dias que não apetece, São sempre todos os que Aparecem.



São cinco e meia da manhã e o arrepiante despertador troveja aquele som, que nos impõe sentido e me faz levantar como uma mola.
Somos alguns e num bom dia, ainda com voz roçando o travo sonolento, cruzamo-nos em idas e vindas, da cozinha para a casa de banho. E do quarto para a saída, já com o repasto para o dia aconchegado na mochila, que me faz recordar os lanchinhos da escola primária.
Demora meia hora, estas idas e vindas, num apressar já habitual para a maioria que nos acompanham e ainda a noite é tão querida para me juntar à caminha, lá vou eu equipado a montador de estruturas e afins.
São quarenta quilómetros até chegar ao destino e se à dias que não apetece, são sempre todos os que aparecem.
A carrinha rola num silêncio de ouro.
Um olho meio aberto e o outro bem fechado é o cenário que nos leva por estradas onde só circula uma viatura, como o caso aqui bem junto á quinta.
Estrada da povoação cercada de habitações características com telhados íngremes, devido á neve. Com o jardim bem cuidado e tudo tão limpinho que até me envergonho de onde venho.
Depois é a autoestrada que nos guia até ao local sem antes, a bomba ser paragem para o café rotineiro.
Continuamos aconchegados ao calor da carrinha e pensando no dia que nos espera, porque sabemos o trabalho que terá que ser realizado.
São dez horas de tarefas contínuas, onde cada um sabe o que tem para fazer.
O tempo passa e o trabalho surge de cassetes que se agrupam umas a seguir às outras, presas com tiros de pistola de culatra bem puxada á frente.
Isolamento para vedar qualquer saída ou entrada de ar.
Telhado de chapas enormes prontas a cobrir pavilhões que não tardam nada são guarida dos robots, que nuns ziguezagues consecutivos de fazer a cabeça andar á roda. Fazem nascer os BMW, do futuro.
Tudo isto, executado, com a segurança exigida. Onde os coletes e os cintos nos protegem das possíveis quedas no abismo.
Por fim o regresso tão desejado, para o aconchego do calor e aos petiscos como matadores de uma fome, que nos leva as maleitas do colesterol.
E ao jantar já a noite vai alta bem por cima do nosso pensamento, rapamos os tachos com vontade, porque o desgaste diário é doloroso pró caralho.
A caminha espera-nos á hora do recolher das galinhas.
E enquanto o sono não chega (é rápido tamanho o cansaço), as saudades invadem o corpo e a almofada serve para aconchegar a melancolia e barra a lagrimazita rebelde que tenta rebolar pelo rosto tão tristinho.

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