quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Inicio de Uma Vida


O inicio de uma vida, um dia igual a tantos outros. Já lá vão uns anos, que enchem dois corações de carinho e convictos que teríamos de ser um para o outro.
Num fim de tarde quente, depois de receber os convidados, lá parti num cortejo de automóveis (não sem antes uma vizinha, me desejar felicidades, atirando-me um beijo quando descia as escadas para entrar no carro, foi um gesto que nunca mais me esqueço), em direcção à igreja, que ficava numa aldeia típica do Minho.
Com casas embutidas no meio do pinheiral, ou “plantadas” nos campos separados por muros construídos pedra a pedra, que dividiam as parcelas de terrenos de cada um, as denominadas leirinhas.
A aldeia recebeu-nos silenciosa, talvez querendo mostrar a nós pessoas, que vivemos outro mundo que não este, a forçada solidão que caracteriza a ligação com o seu povo. Que a abandona pela madrugada, caminhando nas suas veias para bem lá no fundo perfurar os seus campos, onde tiram o sustento para matar a fome aos filhos e só pela noitinha regressar exaustos e sombrios, às suas humildes casas, indiferentes e mudos, tamanho o cansaço que emanam.
Mas como pedimos para lá casarmos. Oferece-nos a sua Igreja Paroquial, que é lugar de uma fé com que os seus habitantes se confortam e se aliviam dos males pequenos ou grandes, que invadem as suas almas. Deixam tudo, para lá se reunirem com Deus e saem cheios de esperança e alegres, a caminho dos seus trabalhos e dos seus lares.
Foi no seu altar sagrado, que me encontrei com a minha noiva! Estava tão bela e tão simples! Fiquei tão orgulhoso de ter uma noiva tão bela!
Juntamo-nos lado a lado e esperamos calmamente felizes e cientes do nosso amor, que aquele padre nos casasse, unindo-nos para sempre.
Quero recordar-me sempre que possa, das pessoas que me acompanharam e a felicidade que honestamente me desejaram e para isso ficam as fotos, que embelezam o meu álbum e ao folheá-lo, me traga constantemente uma lagrimazita de emoção, revendo cada foto cada momento.
Deixo esta aldeia já com a minha esposa ao meu lado, liderando um cortejo cada vez maior que vai cercando a aldeia. E parados no cruzamento que dá acesso à estrada nacional, fico com a visão, que isolamos toda a aldeia, não deixando penetrar quem quer que seja.
Os carros rolam lentamente, olho as bermas desta estrada ladeada de pinheiros e eucaliptos e penso no que será a minha vida daqui para a frente.
Começo a ver a minha casa, que ainda não sei onde será!
Imagino a minha esposa cozinhando para mim, lavando a minha roupa, com todo aquele carinho que possuiu. E as longas noites que juntos passaremos, murmurando-me enquanto fazemos amor, a felicidade que a envolve e que iremos ser felizes para sempre…… Mas o cortejo começa a rolar bruscamente e eu rolo num sobressalto para a realidade, conduzindo-me ao restaurante acolhedor com que presenteio os meus convidados.
E no meio de tanta comida e bebida, conversas e brincadeiras da praxe. Brinda-se a tudo quanto é sinónimo de felicidade. O champanhe jorra na imensidão das taças, prontas a satisfazer um possível desejo. Procuro a taça da minha esposa (agora é mesmo) e sinceramente peço-lhe para sermos felizes. Peço-lhe humildemente com os meus olhos felizes, que me compreenda e que me ajude a ser um homem, como eu sempre desejei ser.
O final aproxima-se, os convidados retiram-se! Fico mais um pouco com os meus padrinhos e olhando a sala já vazia, volto de novo a vaguear no mundo da imaginação.
Imagino friamente todo o caminho que terei de percorrer!
Um caminho que se afastará, longamente do meu que agora terminou. Sei que não haverá sequer uns vestígios, de eles se cruzarem, por breves momentos.
Sei, não poder ter o prazer de admirar outras mulheres (que me dava tanto gozo). Sei também e infelizmente, que diminuirá, os meus momentos de lazer participados nos “hobbys” com os meus amigos. Sei……… Que tudo será partilhado com a minha jovem esposa! Terá ela no decorrer do tempo, tanto fascínio, que me lavará a só pensar nela?
Gostaria de acreditar sinceramente na força e na beleza, que ela agora demonstra. E acredito!
Só que o tempo tudo corrói quanto é formoso e………….Acordo pelo beijo quente, de uns lábios formosos e de um hálito festivo.
É ela que me chama! É ela que quer estar comigo, mostrar-me no meio de uma noite cheia de amor, o quanto me deseja, o quanto a faço feliz!
Foi um casamento igual a tantos outros! Mas foi o meu!
Revestido de atitudes íntimas, sensações comovedoras e satisfação por correr como nós desejávamos ardentemente.
Assim perante isto atrevo-me a considerar, o meu como o melhor, entre os melhores!
E como tudo na vida, o primeiro dia cheio de sol, foi tão belo e tão simples. Onde só fizemos amor e recordamos os passos que demos na véspera.
Abraçados, totalmente unidos numa nudez longe de ser desconhecida e logicamente visivelmente emocionados, encontramos a esperança para a concretização dos sonhos narrados enquanto namorados, que brotaram neste dia santificado e calorosamente inesquecível.
Nada possuíamos, começamos do zero, prontos a enfrentar o futuro que nem necessitava de nos bater à porta, encontrava-se simplesmente em frente dos nossos olhos para que o enfrentássemos cara a cara e o moldássemos simplesmente. Para lhe dar a forma serena e saudável. A estrutura e o amadurecimento, como ele é hoje e faz parte do nosso dia-a-dia.
Presentemente temos os filhos. Cada um, eloquente momento!
Crescem, crescem. Mas ainda sinto que estão na idade do chupa-chupa!
O mundo para eles, é todo cor-de-rosa. A minha satisfação e alegria, é saber, que com eles está tudo bem! E connosco, tudo bem também!

2 comentários:

OnlyMe disse...

Pela maneira como falas do teu casamento, deve ser uma relação repleta de amor, partilha e cumplicidade e desejo-te que continue sempre assim! É bonito de ver que o sentimento continua vivo! Espero que tudo o que disseste não fique apenas em palavras e que as transmitas à tua mulher que vai, de certeza, adorar partilhar esse momento contigo :).

Jinhos :)

Nuno Pereira disse...

As palavras leva-as o vento!
Os momentos esses, são únicos e puros!
A partilha é mutua embora eu seja mais expansivo.