segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Domingo de Páscoa


O Domingo de Páscoa iniciou-se num clima de religiosidade e de angustia já um pouco refeita, dado que na Páscoa de à dois anos, um familiar muito novo partiu para outra vida, já que Deus resolveu achar que a hora dele tinha batido à sua porta e elevou o seu corpo para o céu bem distante de todos nós, deixando um vazio imenso principalmente no seio da mulher e nos dois filhotes.
Mas a hora não era de partidas sem retorno, mas sim de comemorar a subida de Cristo para bem perto de Deus. Onde autentico vigilante dia e noite, controla o mundo e todo o mal que no seu seio se comete.
E como vimos fazendo, reunimo-nos em casa do que tem mais espaço e juntamos um enorme aglomerado de familiares que embelezam um ambiente e enchem-no de alegria e boa disposição.
O compasso percorre a rua! Houve-se o tilintar da campainha, anunciando a sua presença cada vez mais perto, cada vez mais estridente. Aquele som, que o garoto bem se esforça para que seja o mais audível possível, para que as pessoas se perfilem dentro de casa que a chegada do compasso anunciando a ressurreição de Cristo, está próxima, muito próxima.
E ele lá entra! Onde o Seminarista ainda jovem para estas andanças e muito novo para denotar uma fé que ainda não dá frutos. Lá entoa umas palavras simbolizando todo este acto, terminando em oração que os presentes acolhem com um Ámen. Percorrendo com a cruz os lábios dos presentes para o beijo tradicional no joelho de Cristo, como forma de consolo para tanto sofrimento na hora da morte, oferecida de mão beijada aos inimigos da Judeia, lavando as mãos o Pilatos, para que a nossa salvação fosse o preço de tão angustiante morte.
Terminando toda esta cerimonia que se desenrola á dois mil anos e cada vez mais presente nos nossos dias. Talvez lembrando a necessidade de nascer um novo Cristo que venha abalar a sociedade mundial e castigar os corruptos que tudo fazem para acentuar as desigualdades sociais, criando um fosso de dimensões já fora do alcance da vista humana e que faz nascer os bandos de asas infinitas, que nos roubam os nossos pertences a nossa intimidade e a nossa vida.
Dito isto passamos á fase do repasto. Que enche o estômago dos que muito devoram e bebem. E dos que tentando manter a linha corporal fanaticamente entre ginásios e deitas naturais deixam-se levar pelo ambiente e pela gostosa comida.
E pelas mesas cheias de familiares famintos, alinham-se travessas de lampreia assada para uns e arroz de lampreia para outros. Somos muitos e os gostos são diversificados.
O cabrito que não pode faltar vindo da beira interior, criado nos montes sem fim. Dá lugar à lampreia que não deixou marcas. E todos se atiram ás costelinhas do cabrito, aqueles que chegam com o garfo afiado, antes que os putos e eles são muitos resolvam apoderar-se do que todos gostam no cabrito.
No meio da doçaria, recordamos tempos passados. Infâncias felizes e duras, no meio de desgraças e alegrias.
Saímos um pouco de encontro ao bar não muito distante para a bica tão precisa e indispensável. Respiramos o ar da praia tão próxima e pegamos nos carros para irmos dar uns chutos ao ringue da freguesia, onde primos de idades muito próximas, esgrimem talentos que acabam em golos altamente festejados ora agora para mim, ora agora para ti.
Já no cair da noite, terminamos a festa com um leitão vindo da Bairrada, trazido pela família que lá vive a sua vidinha e com um espumante Loureiro lançado recentemente no mercado onde bebi uma boas taças. Terminamos em beleza um dia em cheio para todos.
Para os miúdos felizes por se encontrarem e partilharem brincadeiras e jogos.
Para os graúdos, tempo de matar saudades e recordar momentos recentes ou já muito distantes que momentaneamente nos invade uma nostalgia, rapidamente evaporada porque o momento é de festa e é para festas que estamos preparados. Tristezas já chegam as do dia a dia.
Claro que hoje sinto-me um pouco ressacado!
Mas feliz com os momentos passados. E conforme as horas vão passando vou-me sentindo mais próximo do meu estado físico normal e já me estou a preparar para outra já que me encontro na casa de um casal do peito e como tal a festa ainda não poderá ter terminado.

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