domingo, 22 de novembro de 2009

O Grupo Que Eleva a Alegria


A noite estava inquietante! Ameaçava chuva e corria um vento que esbarrava no rosto e fazia pingar o nariz.
Resolvi, a convite de uma amiga de longa data, assistir a um concerto que nesta terrinha são uma lufada de ar fresco para quebrar a monotonia de uma cidade mergulhada na escuridão, do apagamento de ofertas culturais e de diversão, para que os seus habitantes possam fugir à rotina e sintam a cidade com eles e eles com a cidade.
Mas como dizia, assisti ao concerto dos OqueStrada. Grupo já com uns anitos, mas só agora ressuscitado para a ribalta e acredito com pernas para andar neste mundo musical de feroz concorrência e cedências a todo o custo.
Grupo multifacetado com misturas cativantes e actuações empolgantes.
Juntam o improviso como forma de alterar a rotina e sentirem-se empolgados para cativar o publico e expressar toda a alegria que lhes vai na alma. Fazendo do seu espectáculo um motivo de satisfação para quem os ouve e acima de tudo um prazer para eles, que tanto gostam de se juntarem e divertirem-se.
Foi uma actuação bela! Bela mesmo!
Bela na simplicidade. Sem grandes primores espampanantes, adaptando o espectáculo ás características do local. onde só o fuminho aparecia para recrear o tema do momento.
Bela na interacção com o publico. Nem um só ficou apegado à cadeira tamanha a alegria que eles nos brindaram.
Bela na musica, que entrava como um perfume campestre no nosso cérebro e desabrochava em fortes aplausos e manifestações de agrado entusiasmante. Num sexteto que irradiava alegria, graça e até gargalhadas devido ao estilo curtido dos elementos quando chamados a ter a sua oportunidade para mostrar os seus dotes de equilibristas musicais e não só.
E assim se passou quase duas horas que confesso me transcendeu, eu que só uma pessoa recatada vivendo as minhas emoções bem resguardadas da ribalta que me rodeia. Mas neste caso dei largas à emoção e bati palmas até cansar(eles bem o mereceram), levantei-me largos minutos para os saudar e pedir para cantarem mais um pouco. Não uma, mas duas e ficou por aí para não se repetir o que já tinha sido ouvido.
A Manuela a vocalista, mulher endiabrada. Não parava e numa graciosidade que encantou, chegou-se ao publico num largo sorriso e numa voz que lembra o fado lançou alegria, lançou empatia. Lançou sinceridade musical que a todos tocou e como tal esgotou os cds, que já no Hall, foram rapidamente adquiridos. Cantava em francês em português, em crioulo e sei lá que mais.
Mas não só da Manuela, vive este grupo. São cinco elementos com características que nos lembram, cenas pitorescas ao longo da vida.
O concertinas, saído do sózinho em casa. Aquele alto com suíças compridas.Ria-me lembrando aquela figura.Deu show sentado quase todo o tempo. Com o rosto bem colado ao instrumento balouçando a cabeça ao som do entusiasmo das musicas.
O guitarrista, cabelo comprido forte como um touro. Moreno, saído de um grupo gangsters lembrando a saga o Padrinho. Olhar tenebroso para se incorporar com as musicas. De colete de fazenda salientando os músculos fortes como troncos.
O da guitarra portuguesa, alto. Muito alto! Magro como uma vara, nariz comprido e curvado, com rosto lembrando personagens do inesquecível Senhor dos anéis.
Toca como o vento levando a harmonia do som da guitarra portuguesa ao coração de todos nós.
O do instrumento com uma só corda do tamanho do dedo mindinho de um bebé. Com cara de palhaço de circo, porque alegrava e encantava. Salientava as tatuagens onde uma sweat estilo anos sessenta deixava observar.
O trompetista vestido de banda filarmónica, aparecia de longe a longe. Elemento novo o benjamim do grupo, embora já bem crescido e com a escola musical já bem sabida.
Toda a gente saiu satisfeita! Esperando por eles para autografar os cds e quando chegou a minha vez, já ia com uma frase decorada para ficar gravada na minha história tão simples como banal.
Mas a Manuela não estava pelos ajustes e disse que não costumava escrever o que lhe diziam e ficou-se por um "a bater palmas 1 bem haja de Barcelos com a Manuela e Ana Maria" e ficou-me com a caneta metendo-a no bolso do blusão junto ao peito que chamava a atenção num espectáculo cheio de emoção!

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