domingo, 28 de março de 2010

A Hora Avançou Menos Tempo Deixou


Acordo fresco como uma alface, mesmo dormindo menos uma hora.
Estou bem comigo e leve como um pardal que voa, voa de árvore em árvore, numa fila que acompanha a avenida onde moro, num arraial de prédios que parece não ter fim.
O começo da manhã de todos os Domingos são o encontro de dois seres que se regalam em desafiar a rotina e deixar-se levar pela preguiça de se esticar ao comprido pela cama fora na busca de sensações que durante os outros dias quase sempre são interditas.
Os primeiros raios solares, são a abertura para os primeiros toques que procuram o corpo ainda mergulhado num sono que por incrível que pareça mostra que é Domingo e é tempo de se desforrar dos dias em que ele é obrigado pela força das circunstâncias a sair desta caminha.
A claridade penetra pelos buracos de um estore já com milhares de subidas e descidas que agora deixa brechas crónicas. E criam uns riscos engraçados pelo quarto fora, mostrando visibilidade encantada, num cenário tão íntimo.
Entre voltas e mais voltas, num puxar da roupa sempre para o mesmo lado, enrolamo-nos num só corpo e por entre carícias ainda a despertar, afogamo-nos na paixão.
Libertamo-nos do stress que fustiga uma semana de trabalho e entrelaçamo-nos, por entre sussurros e palavras de amor, num acordar final e num prazer sem fim.
Saímos frescos e risonhos de encontro ao sol que nos brinda, como casal em lua-de-mel.
Deixamos os catraios a saborear os minutos finais do sono que para eles só termina quando alguém lhes corre da cama e sentamo-nos à espera da bica, numa necessidade que raia a viciação incontrolada.
Rolo em direcção ao mar que não muito longe espera por mim desde que me viu nascer.
É fascinante olhar o mar azul, num sol de primavera, sem vento e que aquece as rochas despidas numa maré tão baixa.
Descalço-me e com os sapatos numa mão e a outra entrançada na da minha jovem, caminhamos pela areia húmida que coça os pés e deixa as pegadas bem vincadas pela praia fora.
Estamos já distantes do centro da vila e sós numa imensidão de areia e mar. Corremos maluquinhos atrás de uma gaivota que destemida pousou bem perto de nós.
Chapinho os pés no final do rebentar das ondas bem pequeninas. Sinto-os leves e frios, num prazer em tocar a água que no Verão me delicia em mergulhos constantes que me aliviam.
Por fim regressamos depois de sacudir a areia nos bancos da marginal, improvisando uma forma de os limpar que deixa um largo sorriso de orelha a orelha.
A praia fica para trás e é hora de tratar do que resta num Domingo que não é só nosso mas de toda a família.

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