Eu e o meu
pai em Monção, nos tradicionais passeios de fim de ano.
Saíamos bem
cedo. Ainda a noite, era cerrada, porque o Inverno obrigava a que os dias
fossem pequenos e as noites longas como o frio intenso e gélido.
O autocarro enchia, carregado com os sacos a
cheirar à comida, feita de madrugada para se conservar quentinha e os garrafões
de verde tinto para dar para todos.
Normalmente
só iam os homens com um filho e, como eramos três, ia um de cada vez.
Esta foto
retrata a minha vez e claro está, só passados três anos, chegava novamente a
minha vez.
Não havia dinheiro para muito mais. Juntava-me
aos outros rapazes e durante todo esse dia era uma alegria imensa.
Farnel na
mão, a comida embrulhada em jornal para se conservar quentinha, boas pernas de
frango, com os panadinhos para mim. A garrafinha do vinho para o pai e, o Sumol
de laranja que eu bem gostava, mas só esporadicamente bebia. Tudo bem
acondicionado nas cestas de vime, para alimentar as barriguinhas durante o dia
todo.
E lá íamos,
ao encontro normalmente de Santuários religiosos e percorríamos as cidades não
muito longe da nossa, sempre com os adultos a cantar cantigas tradicionais e
pegados nos cantares ao desafio.
Adorava ver
os locais por onde passávamos iluminados pelas luzes natalícias e como o
passeio era realizado na véspera do fim do ano, quando regressávamos era entrar
noutra festa, era um momento único para mim.
Festa em
cima de festa, depois do Natal, chegava para contar os dias que faltavam para
que de novo, quando chegasse a minha vez lá estivesse pronto, mesmo que nessa
noite não conseguisse dormir.
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