domingo, 3 de novembro de 2013

Neve espera a chegada do Natal



A chuva persiste e dá um tom de tristeza a este domingo que acorda embrenhado numa humidade gritante.
Depois de um final de tarde, entrando pela noite dentro, a viajar quinhentos quilómetros com a Áustria e a Suíça, a roçar os calcanhares à Alemanha. Senti que todos se preparam para a chegada da neve, não tarda nada.
Basta que o tempo arrefeça abruptamente (o que é normal) e tudo se transformará num branco sem fim, que se elevará pelas montanhas distantes e tocará o céu, para lhe oferecer a pureza da natureza.
Nem quero pensar nisso.
Neve!
É belíssima para admirar. Estilhaçar ao andar. Apanhar para lhe dar forma.
Mas para trabalhar. Deus me livre!
Enregela os ossos, oprimidos com tanto frio. Faz imensas dores nos dedos que para os voltar a aquecer, derramo lágrimas dolorosas, sacudindo as mãos como se me queimassem intensamente.
Sejam as botas que forem. Os pés pesam como chumbo e movê-los é um martírio sem fim.
Neve espera a chegada do Natal!
 Assim ofereces a alegria de colorir a quadra e admiro-te no quentinho do carinho e na alegria da chegada.
 A vidraça mostra-me a floresta envolta numa neblina que não se solta.
Nem as aves se mostram.
Nem os animais se voltam.
A chuva ri-se para mim, mostrando que vai ficar todo o dia e não adianta fazer planos para lhe dar a volta.
Mas eu no quentinho deste bunker lotado. Estendo-me ao comprido e de espírito livre, revejo a satisfação de estar bem.
A certeza das saudades estarem bem perto de serem desanuviadas.
E estou com um sorriso feliz, porque o momento assim o permite.
O domingo ainda tem poucas horas de reivindicar a sua aurora. Por isso vou embalar-me no que resta dele e procurar encontrar a beleza de quem está sempre comigo e de quem tão longe, se encontra bem perto.

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