Quero dar um murro à vida!
Partir-lhe o focinho para
terminar com a raiva. Deixa-la pôr-se
de pé e recuperar os sentidos, na esperança de
me conceder as tão merecidas alegrias!
Estou farto de a aturar!
Persegue-me de perto ou de
longe. Massacra-me os neurónios, fazendo-me correr atrás do prejuízo.
Que prejuízo? Que mal lhe
fiz para me roubar o sorriso diário ao ver os putos chamando-me pai a qualquer
hora.
Que saudades de os ouvir: ó cota
dá-me dois euritos, para ir comer um bolito com o pessoal do costume.
Eu dou-te o cota! Resmungava
eu com cara de poucos amigos, mas no fundo curtindo a chalaça da criançada.
São três, cada um à sua
maneira roubavam-me o espaço e ocupavam-me o sossego.
Queria lá saber do sossego!
Queria era estar com eles,
mesmo que enchessem a casa com as músicas deles. Com os filmes deles. Com as
novelas deles.
Queria acompanha-lo ao
futebol onde me ria com as zangas com os amigos, devido a lances de golos falhados.
Ou golos consentidos.
Queria acompanhar o
pequenote ao Basquete. Onde ficava orgulhoso por vê-lo fazer cestos como quem
chama por mim.
Queria levar a miúdita às
festas das amigas avisando-a que até à meia-noite era o toque de retirada. Já
que à porta da festa barulhenta estava o pai com cara de homem severo.
Severo, eu?
Não faço mal a uma mosca. E eles,
bons filhos, aproveitavam-se disso e: paizinho deixa-me estar mais um pouquinho,
por favor.
Vá lá mais meia horinha. És o
melhor pai do mundo! Arrepiava-me todo só de ouvir isso.
Vá lá vida, abre o teu coração
do tamanho deste mundo e abraça este corpo fragilizado de ansiedade. Para estar
com esta maravilhosa descendência, que é a razão de eu ser tatuado de nódoas
negras, ainda o dia é o descanso do sono dos justos.
São mais vinte dias, meu lamecha
e logo estarás à porta de casa, fazendo da surpresa a alegria da pequenada.
Obrigado vida e procura
aliviar o meu trilho. Já que te dou a mão para seguir para onde quer que vás, o
teu caminho.
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