Fiquei órfão de uma ligação onde escrevia
direito por linhas tortas.
E de tanto perfurar a caneta da vida, passei
a escrever torto em caminhos suplantados de olhos fechados.
Fiquei sem descobrir a direcção certa e mais
grave, nada impedia de continuar esse caminho.
As minhas pegadas estavam esculpidas a cada
passo. Era só colocar lá o sapato para chegar são e salvo, à porta do meu
abrigo.
A vida com o tempo fez questão de apagar as
marcas e comecei a trocar os passos, confundindo a porta de entrada com a
garagem dos arrumos das recordações.
Ausentei-me longos dias buscando o sustento
da vida e a renovada alegria. Dando espaço para arrumar as certezas, de quem
andava abalada com tantas incertezas.
Regressei por um breve período e logo numa
quadra natalícia, esperançado num coração aberto às saudades tão expressas.
Pura ilusão macabra!
De um lado um coração mastigado pelo descontrole
emocional.
Do outro, varias artérias entupidas de perturbações
anafadas.
Assim se desligou a árvore do Natal e a ilusão
que abria rasgados sorrisos, para o novo ano que já tomava conta do nosso
destino.
A Pascoa trouxe a ressuscitação do diabo e a
cruz tomou conta do meu percurso.
Carreguei-a dias a fio, por entre degraus íngremes e alturas de me projectar no abismo.
A cruz que carregava transportava o Cristo
que tanto amava.
A dada altura em que mais dois passos e
desfalecia, ele (Cristo) sussurrou-me ao ouvido cravejado de chagas ainda
envolvidas em sangue sagrado: as portas ainda se encontram abertas para
encontrares a felicidade. Caminha desviando os pedregulhos, que encontrarás à
entrada.
E sem rezas desesperadas, encontrei a voz que
me esperava.
O sorriso que me amparava
O olhar que me acompanhava.
Entrego numa bandeja, as condições sugeridas
por quem ainda pensa que tem muitos anos para gozar a vida.
E recebo de mão beijada, um coração a brotar
de vida. Onde o meu sorriso agora brilhante mais do que nunca. É o sangue que
lhe mantém a alegria.
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