domingo, 17 de novembro de 2013

Arrumei as Certezas




Fiquei órfão de uma ligação onde escrevia direito por linhas tortas.
E de tanto perfurar a caneta da vida, passei a escrever torto em caminhos suplantados de olhos fechados.
Fiquei sem descobrir a direcção certa e mais grave, nada impedia de continuar esse caminho.
As minhas pegadas estavam esculpidas a cada passo. Era só colocar lá o sapato para chegar são e salvo, à porta do meu abrigo.
A vida com o tempo fez questão de apagar as marcas e comecei a trocar os passos, confundindo a porta de entrada com a garagem dos arrumos das recordações.
Ausentei-me longos dias buscando o sustento da vida e a renovada alegria. Dando espaço para arrumar as certezas, de quem andava abalada com tantas incertezas.
Regressei por um breve período e logo numa quadra natalícia, esperançado num coração aberto às saudades tão expressas.
Pura ilusão macabra!
De um lado um coração mastigado pelo descontrole emocional.
Do outro, varias artérias entupidas de perturbações anafadas.
Assim se desligou a árvore do Natal e a ilusão que abria rasgados sorrisos, para o novo ano que já tomava conta do nosso destino.
A Pascoa trouxe a ressuscitação do diabo e a cruz tomou conta do meu percurso.
Carreguei-a dias a fio, por entre degraus íngremes e alturas de me projectar no abismo.
A cruz que carregava transportava o Cristo que tanto amava.
A dada altura em que mais dois passos e desfalecia, ele (Cristo) sussurrou-me ao ouvido cravejado de chagas ainda envolvidas em sangue sagrado: as portas ainda se encontram abertas para encontrares a felicidade. Caminha desviando os pedregulhos, que encontrarás à entrada.
E sem rezas desesperadas, encontrei a voz que me esperava.
O sorriso que me amparava
O olhar que me acompanhava.
Entrego numa bandeja, as condições sugeridas por quem ainda pensa que tem muitos anos para gozar a vida.
E recebo de mão beijada, um coração a brotar de vida. Onde o meu sorriso agora brilhante mais do que nunca. É o sangue que lhe mantém a alegria.
  



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