A notícia chegou em cima do joelho, mesmo
sabendo que me esperava uma deslocação para outras margens.
Três da manhã, malas às costas e zarpar para
o fim da fronteira, que me mostra as portas da Holanda.
Foram quase setecentos quilómetros a esfregar
ainda os olhos, depois de duas horas de sono
O meu colega é um herói, conduziu o percurso
todo, sem uma falha e sempre desperto como uma águia.
Foi chegar ainda a retirar as sequelas dos
olhos e entrar pela lama a dentro e batalhar pelo sustento.
É uma vilazinha simpática. Com a normal curiosidade
dos habitantes vendo quatro homens vestidos de militares dos andaimes,
salpicados de lama. Já a noite ia apressada. Pedindo duas dunas no bar dos turcos,
com uma fome terrível, depois de quase vinte e quatro horas a sandes ressequidas.
A casa é simpática e com boas condições. Só com
a agravante de deixar a net paralisada e sem isso, não há conversa fiada.
A grande cidade fica a dois passos Monchengladbach.
Cruzamo-nos com ela ao chegar e cresce pelos quatro cantos, como o país da tia Merkel.
Colónia não muito longe, foi a primeira a
deixar-nos entrar como imigrantes encartados.
Como a
Holanda é já aqui ao lado e as estradas estão salpicadas de carros laranjas. Vou
aproveitar o Domingo e dar lá uma saltada.
Dizem que é tudo livre!
O prazer e a aventura. A beleza e a natureza.
Ingredientes necessários para adoçar a vista,
agora um pouco turva, onde só me era dado presenciar campos e aves. Num retiro paradisíaco,
mas sem alternativas para abanar os desejos da mente.
Porque se riem? É mentira.
Tomara eu agarrar-me à caminha para recuperar
das horas dolorosas e sonhar com quem está longe, esperando por mim de braços
abertos.
Nem que seja para repartir os euros ganhos tão
longe pela criançada, ainda sentada nas mesas de estudo que me estão a levar os
euros e o que resta da fortaleza dos músculos.
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