domingo, 24 de maio de 2009

O Engenheiro Belmiro Descobre Soluções para Travar os Encerramentos.




O Engenheiro Belmiro de Azevedo, como quem não quer a coisa infiltra-se de uma forma directa no andamento desta crise, visando os trabalhadores, aconselhando numa espécie de Messias, “o mais vale ter um emprego e ganhar metade do que perder o emprego”. Numa espécie de slogan, de uma campanha solitária que o Engenheiro há uns meses se dignou carregar naqueles ombros fartos de canseiras e anos de vida.
Vai mais longe e remata “Se fechar a empresa o que é que vão fazer”!
Portanto, para ele, os trabalhadores que ainda mantêm o seu emprego, para que a empresa não encerre é reduzir o salário. E pronto a vida continua!
Assim ao reduzir o salário, forçosamente, como deve pensar o Engenheiro para os seus botões. Os trabalhadores poderão pagar metade das suas inevitáveis contas no inicio do mês. Já que ao não perder o trabalho, estarão a contribuir para que outros não o percam e como tal não fechem as suas empresas, ou muitos dos seus trabalhadores, não irão para a rua da amargura.
Mas como tudo na vida, tem o fim do, ou tudo ou fica sem tudo! E sei que o Sr. engenheiro tem consciência de dramático facto, irá junto:
Da EDP, tanta potência energética como milhões de euros de luz (lucro). Que dá energia às empresas até ao primeiro dia de falta de pagamento. Para elas ainda lutarem contra o muro de betão.
Da SEGURANÇA SOCIAL, que ainda tem um fundo de maneio para mensalmente brindar com reformas chorudas milhares de crânios que aguentaram o país em ombros.
Da GALP, para fazer andar as viaturas em busca das encomendas. Com lucros de milhões, tantos como estrelas no céu em noite clara.
Dos BANCOS, chorando os milhões que voaram para paraísos espaciais. Mas sempre com lucros bem reais.
Pedir, aproveitando essa sua corrente de sensibilização que logrou encetar pondo os pés ao caminho. Que também elas no seguimento dos trabalhadores, cobrem metade nas facturas que as empresas terão que mês a mês lhes pagar.
Assim todos caminhávamos durante esta crise que o Engenheiro prevê para o nosso país bem mais longa que a maioria dos outros:
No ganhar metade! No reduzir as facturas para metade! Na amortização para metade! E dentro da metade que os patrões ficavam dos trabalhadores. Dos grandes fornecedores.
Obtinham um fundo de maneio para aguentarem o barco durante as fortes ondas das marés vivas. E ficavam proibidas de lançar os trabalhadores para o desemprego evitando o esganar dos nossos quase invisíveis recursos e estagnar a percentagem de desempregados que vai galopando como cavalos nas corridas de sua majestade.
Acredito que o Sr. Engenheiro irá fazer esse forcing!
É uma pessoa de créditos firmados neste país plantado em frente ao FMI, que desesperadamente bate à enorme porta tão dura como o aço. Para alguém a abrir de par em par e entregar os doze sacos cheios de euros. Um para cada mês e mais não dá porque outros vêm já seguir de mãos estendidas como pedintes na praça Tiananmem.

Há uns tempos, regressava de Lisboa para o Porto e as horas de embarcar já tinham superado o horário estabelecido, mas como tinha tempo, pouco me incomodava. O mesmo já não se passava com os outros e gerou-se um enorme sururu, já que a grande maioria tinha compromissos assumidos no Porto e o nervosismo apoderava-se da zona de embarque.
Nisto reparei em alguém que logo conheci! O Sr. Engenheiro Belmiro, longe de todos, refugiado num canto e sistematicamente agarrado ao telemóvel.
Perante o nervosismo da grande parte das pessoas fiquei na expectativa como um homem importante iria reagir ao atraso e de certeza ao cancelamento dos seus relevantes compromissos.
Não tirei os olhos dele, autentico fiscal das finanças.
Nisto pasta numa mão, gabardina na outra e pé ante pé abandonou a sala.
Esperamos hora e meia, e lá partimos num avião de cinquenta lugares, onde quarenta e nove estavam ocupados por homens desesperados e revoltados. Com tamanho atraso. E um lugar vazio onde devia de vir o Sr. Engenheiro, mas dele só a sombra porque o Belmiro de carne e osso a essa hora já estava no Porto aconchegado na poltrona a fazer contas à vida, juntando os poucos euros que tinha ganho no dia anterior, porque como é apanágio em pessoas como ele, grão a grão enche a galinha o papo e como ele tem dezenas de grandes galinheiros (empresas), muitos papos tem-nos cheios.

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