terça-feira, 22 de junho de 2010

Saramago Era um Mago



Um homem que teve alicerces de ser o que sempre quis ser; dar voz à sua consciência.
Um homem que criticava o sistema implantado neste país logo após o 25 Abril, com todas as letras e as mais duras palavras.
Um comunista realista sempre pronto para criticar os hipócritas moribundos que nos governavam anos a fio.
Um homem que só o além fronteiras, soube dar valor, o que irritou de sob maneira as gentes cá do cantinho que comandavam a seu belo prazer os destinos deste país europeu mas que roça a terceiro mundista já que é inundado de favores num, toma lá dá cá de meter dó, já que é levado à estampa a qualquer hora do dia.
Um homem que se encheu de aturar os estômagos dilatados de enormes banquetes em festanças programadas para convidados escolhidos a dedo e se refugiou nos nossos vizinhos que lhe deram a tranquilidade para mostrar o que de melhor este homem sabia fazer.
Um homem que desembaciava a religião católica ainda e sempre mergulhada no nevoeiro cerrado, para que os seguidores ficassem cegos em ver ao longe, mas ele através da única arma que possuía enchia páginas de livros a libertar o nevoeiro que não deixava os barcos apinhados de crentes regressar á realidade em que vivemos.
Um homem que momentos antes de findar a sua vida terrestre. Se virou para a esposa penso eu e acredito com toda a certeza: agora que me vou, eles vão pousar em meu redor e elevar-me na plenitude da grandeza e na maioria deles transbordando de hipocrisia, elevar-me para além dos céus que eu nem tão pouco acredito.
Pilar meu bem, leva-me tu numa carroça puxada pela mula que eu via tão perto na minha meninice e leva-me para longe dos olhares de quem eu não gostava e junta as minhas cinzas e faz delas o que te apetecer já que foste tu que me deste guarida desses abutres que não me entendiam.
Mas Saramago merece a homenagem do povo anónimo que sempre partilhou as suas convicções, hoje mais vincadas nos momentos difíceis que atravessamos, dando-lhe mãos cheias de razões às suas outrora certas opiniões.
Terminou o seu ciclo cheio de alegrias já que era simples para quem o merecia.
Agora depois de morto fisicamente a sua obra irá ressurgir ainda mais e será as gerações vindouras a presentear-lhe com todos os Nobel que forem ano a ano surgindo porque a sua obra será eterna tanto neste Portugal ingrato para o seu filho Saramago como para os quatro cantos do mundo, que o idolatram tantas vezes como as frases por ele escritas.

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