sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A Frescura da Manhã
A manhã está fresca com uma brisa agradável, fazendo esquecer um pouco o calor que se tem sentido.
Aproxima-se o fim-de-semana, embora num mês tradicionalmente de férias e como tal sente-se ainda muita gente aconchegada num sono fresco, depois de uma noite quente como as últimas a reinar o pesadelo.
Mas aos primeiros carros que rolam na estrada bem perto do nosso sono e aos primeiros raios de luz que invadem as ranhuras da janela de um começo do dia ainda a pedir uns minutos de cama. Obriga a esticar as pernas e levantar o corpo fechado num esgar de vontade para ficar deitado.
Tocamo-nos levemente num desejo que aquece, mas a vontade em permanecer de olhos fechados depois de uma noite mal dormida, como as anteriores onde o calor deixa marcas de sucessivas voltas na cama, não permite e o levantar é premente porque, embora um esteja nas sete quintas de uma moleza já constante a jovem necessita de seguir em frente porque a responsabilidade é a obrigação do sustento diário.
O banho acorda de uma vez por todas e os nossos corpos bem frescos e já relaxantes impele a aproximação.
O encosto é mais forte para mim do que a pressa e uns longos segundos de ardor ardente, com toques suaves e revestidos de desejo, aguça a ansiedade e troco um olhar de cumplicidade.
Limpo os últimos pingos do banho que teimosamente desenham sinais transparentes nas tuas costas. Faço-o com os lábios para beber o que resta e para chupar o teu aroma.
O amor está sempre presente, mas a hora de corrermos para os compromissos não dá tréguas e fico por aqui, ofegante e resignado.
Batemos a porta suavemente porque os miúdos ainda estão num sono profundo. São os nossos bebés ainda puros para o mundo e dormem numa paz que se quer duradoura.
Os saltos das socas marcam o ritmo dos poucos degraus do primeiro andar. Tenho a certeza que os vizinhos sabem que és tu, num som diário que não irrita mas já faz parte da vida do prédio.
E já na calçada carcomida pelo desgaste diário da confusão ritual de anos seguidos. Sentimos a frescura do começo da manhã que não tarda nada irá aquecer como brasas em combustão.
Olhamo-nos felizes embora cientes de um dia a dia que obriga a ginástica seguida, para conseguir o pecúlio necessário para obter a satisfação real.
Alcanço a tua mão e percorro o caminho em direcção ao teu destino com um olhar ternurento porque os anos passam mas os sentimentos perduram.
Tomamos o café no sítio do costume e de mão colada falamos do nosso dia que irá ser o melhor possível para no final, a certeza de mais um dia ter corrido como queríamos.
Tens que me deixar porque a menina chega na hora marcada.
Queria ter-te mais uns minutos. Aproveito os últimos segundos trincando o pão fresco com o café bem quente como gosto e olhando uma vez mais para o teu rosto que me encanta, descubro sensações sempre presentes. Embora em anos que se acumulam de uma vida a dois já chapinhada de momentos, que vão encher o baú das memórias.
Deixo-te à porta da loja que palmo a palmo revestiste-a de prazer em trabalhar.
E vou à minha vida por entre caminhos já batidos e tão conhecidos que me levam para outros pensamentos, sabendo que deixo para trás por umas horas a jovem que me dá tudo.
Uns dias abrindo o céu tão límpido como a pureza divina.
Mas outros, carregados de nuvens negras ameaçando trovoada a qualquer momento, porque as exigências nem sempre são como; o amor e uma cabana.
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