domingo, 22 de agosto de 2010

A Zaragata de violentos Socos



Caminhava eu para casa ainda mal tinha digerido o almoço, depois do café víciante, quando me apercebo de uma agitação uns metros à frente.
Dois jovens, abraçados um ao outro!
Não num gesto de amizade. Mas num gesto de pura de violência!
Uns arbustos, era a arena onde eles descarregavam toda a raiva.
Prontamente lá cheguei e conhecendo um deles, tentei que terminassem com aquela cena de pugilato, que já empurrava muita gente para as varandas e passeios numa de assistir ao espectáculo e ver como ia terminar.
Um dizia que o outro bateu no irmão mais pequeno e em gestos de desafio, apertando as calças que ficaram sem o botão de as segurar, na refrega que ainda ia a meio roncava: só bates nos putos, bate-me a mim. A mimmmm, que não tenho medo de ti!
Então o outro que esgatanhado no rosto, talvez devido aos arbustos onde o outro o lançou bem agarrado a ele, rosnava: ele é que quase me batia com a bicicleta seu filho da putaaaaa e dá a correr pé no ar e lança-se ao outro.
Meia dúzia de segundos de mais uns murros e toca a separá-los.
Parem com isso! Gritamos dois ou três que tentávamos dispersar os rapazes, perante dezenas que se refastelavam a assistir.
Como era em frente de um café com uma esplanada, cheia de gente a gozar as férias, o pessoal era aos magotes, mais os que das varandas assistiam.
Em poucos minutos havia mais gente a assistir a dois jovens que se esmurravam arduamente, do que a alguns concertos cá na cidade.
Mais uma troca de piropos, mais uma corrida do que mais levava ao encontro daquele que o esperava de punhos bem cerrados.
Era uma cena de pugilato como já à muito não via e confesso que me meti no meio pronto a levar também com um murraço que falhasse o alvo de um deles.
Só que desta vez os que estavam bem perto já não estavam para separar os pobres coitados e já assistiam pávidos e serenos.
No fundo só eu é que estava ali no meio preocupado para que os putos se deixassem daquilo e parassem com o espectáculo feio. Muito feio, horroroso, que envolvia dois miúdos. Porque hoje dois jovens na casa dos vinte anos não passam de miúdos.
Mas que se esmurravam violentamente, lá isso eu assistia!
Por fim o mais franzino e o que mais agilmente enfiava dois murros, enquanto o outro mais feroz mas menos lento, só tinha tempo de enfiar um, no meio dos dois que lhe acertavam bem no rosto. Seguiram os seus caminhos.
Um com o irmão atrás, de bicicleta, lá se afastou agarrado às calças para tentar arranjar uma solução para as segurar, visto que o botão voou como uma bala, na batalha dos arbustos.
Fungava e repetia vezes sem fim: - Eu não tenho medo dele! Eu não tenho medo dele. Eu não tenho medo deleeeeeee.
O outro com três amigos à volta pedindo para ele esperar uma oportunidade de o apanhar e aí trincá-lo todo (expressão usava pela miudagem já na vadiagem), tremia de raiva quase sem controlo. Camisola toda rasgada, mais parecendo um sem abrigo miserável gritava para que todo o mundo sentisse que ele era o maior: - Eu mato o gajo! Eu mato o filho da puta. Eu mato-o, mato-oooooo.
No dia seguinte bem cedo, quando me dirigia para ir comprar o pão da manhã, lá estava a camisola toda esganiçada, como o único vestígio de uma batalha de dois jovens, que se gladiaram, porque o outro ofereceu porrada ao irmão mais pequeno, que descia a rua de bicicleta sem mãos e segundo um deles quase ia contra ele.

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