sábado, 7 de agosto de 2010

Quero Férias embora já as Tenha!



Mas quero as férias que me alegram e desanuviam e que me lembre da juventude onde as férias eram a criatividade, o desenrasque e a procura de alguns escudos para beber umas cervejitas e agradar às miúdas.
Eram momentos que perduram acomodados numa tenda rodeado de outras mais que conferiam ao pinhal uma aldeia veraneante com dezenas de famílias empacotadas em tendas coladas como o musgo para que nada fugisse ao controle dos progenitores.
Éramos três numa palhota de lona só para dormir. Vivíamos da praia, dos restaurantes da zona e dos poucos chuveiros que davam banho a toda aquela gente.
A praia era o local ideal para exercitarmos as nossas potencialidades e por entre jogos rijamente disputados, tentávamos a gradar à mulherada que, diga-se de verdade eram a beleza em bruto. Numa época em que ainda as miúdas não se mostravam como as de hoje, mas que um simples olhar equivalia a um momento de badalar o coração.
Essas garotas normalmente de Braga traziam a vontade de tudo ultrapassar!
O seu encanto, a sua beleza, os seus gestos; tudo levavam a superar e o dormir no chão só com a lona da barraca tipo índio, era airosamente ultrapassado porque o sentir que meia dúzia de tendas mais à frente, alguém suspirava por nós trazia o sono de tamanha excitação vivida. E ficava a promessa de no dia seguinte irmos ao seu encontro e de uma vez por todos conhecermos aquelas brasas que nos estavam a torrar os miolos.
Claro que os tempos eram outros e as barreiras por vezes não eram assim tão fáceis de saltar. Porque o armar em conquistadores longe das garotas, tornava-se um bico-de-obra bem perto delas.
Mas a crença em conhecer aquelas flores dava-nos a ânsia de tratar do jardim com todo o empenho!
A nossa amizade cimentava-se naquele mês de umas férias onde tudo era virgem e tínhamos que nos virar para colher o alimento que nos mantinha ali pregados.
Juntávamos os trocos e íamos comer com o que tínhamos.
O pequeno-almoço era na pastelaria onde toda a gente lá passava e a ida ao WC, ajudava a lavar o rosto e a compor-nos o melhor possível, para não fazermos má figura perante os veraneantes que acorriam a esta pequena vila como abelhas à colmeia.
E uma vez mais, com mais uma ida à praia, conseguimos entabular conversa com aquelas flores que nos estavam a obrigar a ser abelhas para ir descobrir o seu pólen.
Éramos os rapazes mais felizes do mundo. Um mundo ainda verde, sem muitas responsabilidades que nos colocou ao nosso lado as flores para a nossa jarra.
Claro que andamos tempo demasiado para as conhecer e quando assim aconteceu, as férias estavam no seu fim.
Juntamo-nos num bar, numa tarde que não ganha teias de aranha e confessamos todas as peripécias vividas nestes dias, onde o querer conhecer era mútuo e ansioso.
Agora bem perto delas é que nos apercebemos da sua beleza e da sua pureza, em jovens de dezassete anos tão confinadas ainda às saias das mães que tinham dificuldades em desapertar os nós por elas bem cozidos, naqueles corpos tão belos e inacessíveis, porque o tempo estava a esgotar-se numas férias onde tudo começou por faltar, mas que no final abrimos as mãos a agradecer a…. cada um de nós!

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