domingo, 2 de março de 2014

As malas sempre a Postos




Estive um ano no mesmo local de trabalho!
Já conhecia os lugares de lazer e já era conhecido por quem estava com ideias de farra.
Já conhecia as Knaipes (onde se bebe uma cerveja de punho cerrado para a erguer). E era conhecido pelos habituais fregueses de rosto redondo e corpo esguio, que me obrigavam a olhar de baixo para cima.
Já conhecia as loiras das redondezas e as loiras de longe como eu, falando aquilo que ainda não deu, eu, aprender. Mas bem perto do querer, que nos leva para cá.
Já conhecia onde abastecer. Fosse no Kaufland (híper) ou na Tankstele (bombas), para manter este corpo em forma, pronto para as desforras diárias. Bem em cima do ombro de qualquer grua e pertinho do céu que era o meu patrono.
Já conhecia os quatro aposentos da casa como as palmas da minha mão e entrava nela mesmo com a noite escura como o carvão…..
Em cinco meses conheci quatro colchões, onde só durmo eu e onde recorro aos sonhos e aos momentos oferecidos, quando coloco o pé em Portugal.
São esses momentos e os sonhos, que sei que vou dar forma daqui para a frente, que me mantêm em sentido.
Que me salvam do trabalho, cama. Cama, trabalho. De segunda a sábado e sorrindo um pouco quando abraço o dia e meio (tarde de sábado e o domingo), para relaxar das contusões dolorosas de encontro aos taipais comprimidos.
Em cinco meses, vivi em verdadeira harmonia com a Natureza. Onde a tranquilidade por ela oferecida, era uma bênção para o descanso tão necessário.
Os animais percorriam os campos, surpreendidos com a minha presença, habituados à liberdade total, sem olheiros por perto a perturbar o arrancar do alimento.
As aves debicavam os frutos das árvores, mesmo por cima da minha cabeça, sabendo que ela estava bem longe da sua presença.
O ar que respirava, puro como o ambiente que ele envolvia. Expurgava as entranhas e purificavam os meus órgãos, limpando assim os exageros por mim cometidos.
Os colegas que me fazem companhia, vão e vêm como as partidas e ainda bem! São sempre rostos diferentes que nem dão tempo a cansar a consciência.
Neste momento estou tão longe de casa e na fronteira com o país das tulipas!
Vou colhê-las às manadas pela altura do regresso temporário a casa. E distribui-las, pelos sorrisos que me aguardam, criando um jardim perfumado, por onde passar de mão dada!
Me aguardem!   

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