O tipo esforçava-se para
mostrar o seu talento. E a gente juntava-se para apreciar até onde iria a
capacidade do jovem artista.
Por entre falhanços compreensíveis,
compensou com momentos alegres e de muita perícia.
A dada altura dirigiu-se a
mim e como eu de alemão ainda serro os dentes para não dizer baboseiras,
valeu-me o meu colega que traduziu-me o que toda a gente já de olhos postos em
mim, esperava. Um sorriso que não saia.
E era isso que o saltimbanco
de praças dizia. O porquê de eu não me rir.
Não me ria porque estava um
pouco triste!
Mas admirava o jovem e toda
a sua força em chegar ao público que o aplaudia e sorria, com as acrobacias que
ele fazia com os objetos.
Ora para cima. Ora para os lados. Ora debaixo
para cima.
Não faltaram os bonecos
desenhados com as mãos, nos balões tipo bengala. Que moldado com as mãos do
artista. Surgiam cãezinhos e espadas, para os miúdos que enchiam a praça.
Fui ao bolso basculhar o que
restava dos euros. Para ajudar um actor de rua parecido comigo.
Sim! Tinha algo que me era
familiar.
Com a idade dele também partilhava
a liberdade sem a mudança, hoje tão necessária. Como espinhosa.
Com a idade dele fazia rir
quem se aproximava e hoje poucos sentem o meu sorriso.
E quem sorriu foi ele
satisfeito, agradecendo o meu gesto.
Voltando a dizer que um
artista precisa do sorriso de quem assiste.
Mas eu estava triste, sem
vontade de sorrir.
Continuei o meu caminho
meditando que, seja em praças ou romarias. O talento não tem tecto.
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