sexta-feira, 16 de abril de 2010

A Nuvem Que não Deixa Voar




Começou como uma nuvem que ameaça uma enorme chuvada.
Horas depois ganhava asas voando Europa fora e pondo os aviões em terra porque nuvem poeirenta ameaça parar os motores das aeronaves e uma ameaça é sinal neste caso de catástrofe.
O vulcão num abrir e fechar dos olhos resolveu dar sinais de vida, depois de uma invernação longuíssima, ainda ninguém sonhava com aviões e com a beleza de ver cidades de cima para baixo.
A Natureza continua a surpreender apesar de fazermos dela gato-sapato. E apelando aos deuses, resolveu fazer rugir o vulcão islandês, que adormecido num bunker á prova de curiosos abriu os olhos e bocejou como um enorme monstro salpicando meia Europa com o seu mau hálito que impede qualquer tentativa de o transpor.
E como consequência, temos milhares de pessoas retidas nos aeroportos sem poderem voar para os destinos pré estabelecidos e pior de tudo estando á mercê da vontade ou não, de o vulcão parar de bocejar.
As previsões eram optimistas logo que a nuvem vulcânica cobriu o céu. Um dia era o suficiente e logo tudo era dissipado e o tráfego aéreo era retomado.
O dia passou e o vulcão continuou a lançar o espólio que se acumulou anos a fio e já comprimia perigosamente as entranhas do vulcão. E continua agora sem previsão de quando parar, de lançar o bocejo que se transforma devido já á sua quantidade num enorme lençol que cobre o céu de meia Europa.
São aeroportos sem movimento, pistas enormes com aviões estacionados num cenário confrangedor, nunca visto nestes já longos anos de aviação civil.
São milhares de passageiros retidos sem poderem viajar e sem terem garantias de quando o passam fazer e limitam-se ao passar das horas, numa incerteza do que é o melhor para fazer: desistir da viagem para o destino designado. Ou esperar que o vulcão se canse do acordar repentino e volte ao sono longuíssimo e esperar mais uns duzentos anos para acordar e ver que nessa altura os aviões estarão mais que apetrechados para perfurar as poeiras e sujeiras que ele lança e quem sabe poderemos entrar pela sua garganta bem funda e descobrir o que ali se armazena e domina-lo a nosso belo prazer. Sendo esse, o fascínio que ainda atraí os homens deste belo planeta: Dominar e amortalhar o que o rodeia.
Mas por enquanto o caos mantêm-se pela Europa fora, tocando já outros Continentes e com pedidos já virando rezas. De que o vulcão vizinho, o pai deste, não resolva imitar o filho numa de quem manda é ele. E acorde repentinamente de um sonho que tem levado longos anos, resolvendo tentar continuar a obra do descendente, para deixar a marca de omnipresente.
Se isso acontece é um Deus nos acuda!

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