quinta-feira, 22 de abril de 2010
Quem Paga Somos Nós
Inês de Medeiros foi uma aposta de Sócrates. E ela lá está como deputada, tendo o seu espaço e como todos nos apercebemos participando do seu grupo parlamentar, não só no seio da actividade socialista como também fazendo parte dos deputados escolhidos para as comissões de inquérito.
Só que a senhora vive fora do país e logo se levantou o imbróglio de quem iria custear as despesas das suas viagens.
Ela no seu pleno direito alegava que tinha que ser a Assembleia, na qual foi eleita nas últimas eleições e se tal não acontecesse poderia ponderar a sua renúncia. E durante uns tempos essa questão andou nas bocas de todos os deputados e não só, cabendo a decisão final ao presidente do organismo, que depois de ponderar e consultar a lei, optou por satisfazer as aspirações da deputada.
Pronto! Paga-se as viagens à senhora e ponto final neste caso que já se arrastava para um caminho de agitações políticas.
Estou quase a pegar na célebre frase de que quem paga milhares, também paga mais um ou dois e não é por aí que a barraca pode abanar.
Se quem a convidou já sabia que a senhora vive longe e como nos dias de hoje ninguém corre por gosto, é legitimo ser ressarcida pelos prejuízos que são causados, mesmo sabendo que vai ocupar um lugar que não é para qualquer um.
Só que quem vai ser o desgraçado a contribuir para custear mais esta despesa, será como sempre o pobre mexilhão, que já vê o país a dissipar-se com a nuvem poeirenta pelos caminhos infinitos do espaço e mais uma despesa será porventura mais rápida a entrada no infinito e mais além.
Com tantos crânios a levitar por esse país fora prontos a ocupar o mesmo lugar dessa senhora. Era legitimo pegar num deles e transforma-lo numa Inês de Medeiros tão ou melhor preparado e assim dar lugar a mais um desocupado e poupar uns bons milhares para os cofres estatais tão corroídos pela penúria.
Mas como somos um país de costas largas para o despesismo, lá andamos a pagar um saco cheio de euros a alguém quando poderíamos pegar nesse saco e distribuir por entidades que nem tem meios para se defender perante monstros que roubam a vida num abrir e fechar de olhos.
Como somos todos culpados porque fizemos nascer e dar tronco e membros à nova sociedade em que vivemos. Só temos que nos sujeitar a estas e outras barbaridades, de quem nos governa nestes já longos anos que paulatinamente foram materializando.
Temos o que merecemos e agora que mais uma comemoração do 25 de Abril está à porta. Ao menos nos faça reflectir para o caminho tão desviado que o país rumou, quando o sentido era bem outro. Depois de quarenta anos de consciências amordaçadas por um regime que tudo fazia para nos deixar presos à estagnação.
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