Ainda sinto as tremuras de um tempo
que cobria tudo de branco.
Os dias abriram-se ao sol para o
receber de braços abertos, apelando energicamente o seu calor, para aquecer
tudo em seu redor.
Hoje a Natureza brinda-me com a extraordinária
beleza dos campos outrora brancos. Pintados de amarelo tão belo, de braço dado
ao verde da esperança pelas pradarias fora do meu alcance.
São campos extensos.
Para os acompanhar necessito de largos
segundos, na esperança de chegar à sua extremidade. Onde só a estrada abre uma
brecha para os percorrer nos dois sentidos. Admirando o amarelo intenso que
brota daquela terra anos e anos consecutivos a oferecer o ouro vegetal a quem
tão ardorosamente a trabalha.
A Natureza invade esta zona como o local
privilegiado para expandir toda a sua força em beleza de uma fragilidade
cristalina.
Quando o branco chamava para si todo o
espaço onde pudesse pousar os flocos que ininterruptamente caiam do céu como
plumas branquíssimas. Só os veados descendo as encostas se aventuravam a
esgravatar a neve para encontrar algum rebento, que pudesse saciar a fome nesta
altura, um tormento.
E era vê-los não muito longe dois,
três, cinco. Facilmente sinalizados no meio do branco como botões acastanhados.
Hoje, onde a Primavera é rainha das
pradarias. Uma incontável espécie de aves sobrevoa este espaço, onde abunda
alimento para todos e segurança sem nervosismos, já que este povo preserva a
fauna e a flora como património da sua pátria.
Águias, faisões, milhafres e abelhões.
Corvos às centenas, corujas atentas e um sem números de aves que nunca as vi
tão perto.
Marcam território na dimensão desta
área, que chega e sobra para todos chilrearem na procura de quem interessa para
dar continuidade à espécie.
Quando o sol nasce radioso com o
acordar da vida. Logo tudo se põe em movimento na esperança de absorver todos
os instantes do dia e conquistar a felicidade que lhe alimenta e dá força, para
ultrapassar as adversidades que surgem a qualquer momento.
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