Descobri um lugar bem perto do lar,
meu e só meu!
Que recanto este canto!
A Natureza oferece sem cobrar nada,
pedindo apenas que não lhe quebrem os rebentos.
As aves pousam sem receio e debicam as
minhocas que se atrevem a por a cabeça de fora.
E num esvoaçar rápido sobem o elevador
imaginário que as levam à árvore ali tão perto, mas de difícil acesso. Com a
bicharada ainda a contorcer-se para se libertar do bico do monstro atrevido. E
sem papas na língua vão directas às bocas famintas das crias.
Outras mais pequenas em voos rasantes
apanham os insectos, que deambulam no charco ali bem perto.
Por momentos são estas criaturas a
minha companhia neste paraíso verdejante.
Sento-me num banco, já carcomido pelo
tempo e retempero os pensamentos para próximo da minha gente.
Ligo a música do telemóvel e ali com o
sol batendo-me meigamente no rosto, fecho os olhos e levito para bem longe.
Estou bem, estou em paz comigo mesmo.
Aproveito para o sol dar um pouco de cor às minhas pernas brancas como a neve,
já derretida e sem deixar saudades. Para disfarçar um pouco as mazelas negras
que enfeitam as canelas.
Um pouco em cima encontra-se a escola
primária e imagino no intervalo os pequenotes em valentes correrias neste local
feito, para sossego de fim de semana e oferecendo espaço amplo para a
pequenada, nos dias de sacola ás costas.
E as horas passam e eu só sinto as
moscas tentando morder este corpo um pouco martirizado.
É tudo verde em meu redor. E canto,
danço até o telemóvel ficar sem bateria.
Não á pressas, tenho todo o tempo do
mundo.
Nisto vejo alguém. Finalmente uma alma
e ainda por cima mulher, brincando com o cachorro e obrigando a olhares
infestados de desejos.
Sol de pouca dura.
A beldade sem ser loira, foi-se
num abrir e fechar de olhos. E eu fiquei mais só, já que o silêncio me envolveu
ainda mais com a tarde a esconder-se, para lá das árvores, levando o sol, que
era o prazer mais infiltrado.
Um friozinho tomou conta de mim. E o
vento já tomava conta deste local, dando estalidos nas árvores, como gritos
pasmados.
As aves regressaram aos seus
ninhos para aguardar a noite, confiantes que ao raiar do dia, voavam sem
destino na procura incessante do alimento para saciar a fome às crias.
Por fim regressei e agora sei onde
posso encontrar tudo o que desejo
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