Olhei o céu, estava encoberto.
Ameaçava
chover, a qualquer momento.
O sol tentava romper as nuvens negras, para
tomar de assalto o dia que já se estendia pelo espaço infinito.
Tarefa
até ao momento inglória, já que a dimensão do negro no céu, obstruía o que para
lá envolvia.
Tinha pena de mim e do sol!
De mim, porque não queria arrefecer o calor
que transporto, como uma chama que me guia.
Do sol, que é o motor para manter o dia belo
e afastar o cenário do negro que infestava o céu bem perto das minhas mãos, que
bem as esticava para com vários socos, desmembrar o carvão que invadia o céu.
Nisto surgiste ó vento amoroso!
Para
afugentar as nuvens negras do meu caminho.
E
oferecer ao sol a chave da porta, de onde pudesse estender os braços luminosos,
para chegar bem perto do meu corpo.
E pouco a pouco o dia foi-se alegrando, tomando
um rosto risonho com um brilhozinho nos olhos.
O vento mantinha-se bem perto, para não dar
largas às feras negras de se aproximar do capuchinho amarelo.
Este vento não tem nada de agreste.
É fantástico quando transporta alegria.
É amoroso quando tudo faz para abrir caminho ao
calor, para aquecer os corações.
É apaixonado quando obriga dois seres se
agasalharem dos seus delírios
Reaviva sonhos e recordações, quando se desdobra
numa brisa harmoniosa.
Assim sendo, vento e sol duas conjugações num
só. Como dois corpos unidos pela paixão. Ofereceram-me condições para abrir as
arestas da profissão e sonhar, com um sorriso permanentemente estampado neste
rosto que recupera a alegria, apesar da distancia ser aflitiva.
Terminada a tarefa, hora de regressar ao
cantinho para tentar matar as saudades de momentos ainda recentes, que conferem
a continuidade da felicidade. Mesmo longe do contacto físico.
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